quinta-feira, 11 de novembro de 2010

EDITORES DE TEXTO X PROCESSADORES DE TEXTO

Embora eu vá me estender em um assunto que talvez não seja interessante para a maioria de vocês, acho que dá para resumir o conteúdo vindouro em uma única frase:

O WORD NÃO É UM EDITOR DE TEXTOS, POOORRRRRRAAAAAAAAA!!!!!!!

Ok, agora que você já sabe uma das verdades ocultas do universo, pode contribuir para o aumento do meu bounce rate e vazar daqui. 

Quémboranão? Belê. Dá aqui a mãozinha e vamo lá.

Qualquer pessoa que use um computador, escreve com ele. Seja uma carta, um currículo, um cardápio ou um cartapácio, o ato de utilizar um computador como uma máquina de escrever anabolizada é tão corriqueiro que nem prestamos atenção nesse detalhe.

Existem diversas "filosofias", se posso dizer assim, no que tange à escrita em computadores, mas duas delas se destacam das demais. Não costumamos prestar atenção nisso mas, em inglês os programas para escrita mais utilizados são normalmente separados em dois grupos distindos: os WORD PROCESSORS (chamados por aqui de PROCESSADORES DE TEXTO) e os TEXT EDITORS (chamados por aqui de, hihihi, EDITORES DE TEXTO).

O ponto chave para se entender essa diferença de classes não é saber quais são as capacidades de um ou outro grupo, mas que tipo de arquivos eles geram.

EDITORES DE TEXTO são programas que tem suas raízes ainda na juventude (e não no início) da computação, lá nos anos 60. A função de um editor de textos é, bom, manipular os caracteres dentro de um arquivo. 

O Bloco de Notas do Windows é um editor de textos. O VIM é um editor de textos. O Emacs é um editor de textos. O Gedit é um editor de textos. O Notepad++ é um editor de textos. O UltraEdit é um editor de textos. O Textmate é um editor de textos. O Microsoft Word não é um editor de textos. Capisce?

Os editores de texto mais sofisticados podem destacar determinados tipos de sintaxe (normalmente em linguagens de programação e arquivos de configuração) ou exibir outros tipos de formatação no texto, mas aquilo é apenas uma máscara, um recurso visual que vai ajudar a pessoa que está escrevendo a identificar certos elementos na tela. O resultado final continua sendo o bom e velho texto plano (ou texto simples, ou texto não-formatado). Aquelas alterações visuais ficam registradas no programa, e não no arquivo. Se aquele arquivo for aberto em outro editor que não estiver devidamente configurado, as marcações visuais não serão exibidas. Entretanto, o texto continua podendo ser editado.

Já a função dos PROCESSADORES DE TEXTO é criar *documentos*, antigamente impressos, hoje em dia também distribuidos em formato eletrônico. Esse formato eletrônico pode ser tanto um .pdf quanto aquele gerado pelo processador de textos. Documentos gerados por um processador de textos levam suas características com eles. Se você coloca uma frase em negrito, ela vai continuar em negrito se for aberta em outro computador, porque essa informação ficará gravada dentro do documento.

Além disso, processadores de texto costumam dar muita ênfase ao WYSIWYG (What You See Is What You Get), ou seja, o que você está vendo na tela é exatamente o que você terá quando criar seu documento. E a operação de processadores de texto é calcada em uma metáfora visual bem conhecida: a folha de papel.

O OpenOffice Writer é um processador de textos. O Word é um processador de textos. O Abiword é um processador de textos. O Pages é um processador de textos. O TextMaker é um processador de textos. Capisce?

Algum tempo atrás, os processadores de texto costumavam produzir arquivos que, na maioria das vezes, só podiam ser lidos e editados por eles mesmos. Podiam, notem. Hoje em dia já é mais comum a preocupação com a interoperabilidade, e eles costumam ser mais espertos quando precisam manipular arquivos gerados em outros programas. Mesmo assim, não há compatibilidade absoluta entre os processadores e seus formatos, portanto, se na grande maioria das vezes você pode editar e até criar um documento com o formato .doc (Word 97 a 2003) no OpenOffice, em alguns casos - a presença de recursos mais sofisticados como macros, tabelas ou outro tipo de formatação pesada -  pode haver problemas de conversão/tratamento.

E qual o melhor, afinal?

Aí depende do que você quer fazer. Por mais que nos tenhamos acostumado, processadores de texto não são feitos para a escrita. São feitos para criação de documentos. Por isso a preocupação com a formatação e a impressão. Já os editores de texto, por sua natureza, lembram mais as antigas máquinas datilográficas, e costumam ficar fora do caminho na hora da escrita. Existe, inclusive, uma categoria especial dos editores que leva isso a sério demais

Se você precisa gerar um documento, com tabelas, cabeçalhos, figuras e sei lá mais qual tipo de formatação, então você precisa de um processador de textos (embora seja possível fazer isso com um editor de textos).

Se você quer escrever texto puro, apenas letra após letra, fique com um editor de textos. 

Há ainda um meio termo: escreva em um editor de textos. Finalize o documento em um processador de textos.

A minha implicância com esse detalhezinho besta é, bem, uma implicância mesmo. Mas me dói o coração quando vejo gente tentando fazer o trabalho de um editor de textos (alterar arquivos de configuração, por exemplo) no Word, que quebra linhas e tenta corrigir a gramática em um código que vai ser lido por uma máquina. E, acredite, já vi gente fazendo isso. Mais de uma vez.

Aliás, a discussão sobre formatos vai dar um post à parte. Depois falamos disso.

Sei que você não me perguntou, mas te digo assim mesmo. Meu arranjo atual de ferramentas é: 

EDITORES DE TEXTO:

Leafpad/Gedit/Ultraedit no Ubuntu, Notepad/PSPad no Windows, mas isso "vareia". Basicamente, uso o editor de textos nativo do sistema para tarefas mais simples, e um editor "esperto" para tarefas mais complexas. Entretanto, no caso do Ubuntu, o Gedit, que é o editor nativo, é "esperto demais", então ele foi substituído pelo Leafpad.

PROCESSADORES DE TEXTO:

OpenOffice Writer (em sua versão Go-OO) em todos os sistemas operacionais (e o Abiword, encostado ali no cantinho, como quem não quer nada). Ocasionalmente (e de uns anos pra cá, muito ocasionalmente), uso o Word no Windows. E, cada vez mais frequentemente, o GDocs.

Os posts desse blog?

Costumam nascer em editores de texto, e são finalizados no GDocs. Mas isso "vareia".

15 comentários:

  1. Anônimo7:54 PM

    VC ESTA TOTALMENTE ERRADO!!! VAMOS ESTUDAR MAIS ANTES DE DIVULGAR ARTIGOS SEM BASE TEÓRICA, E SEM ALICERCE DE FONTES CONSIDERADAS SEGURAS!

    ResponderExcluir
  2. Já que você comenta como anônimo, e ainda não cita nenhum dos meus erros, só posso supor que estou totalmente certo.

    ResponderExcluir
  3. Anônimo8:03 PM

    CRIE UM TEXTO QUALQUER NO WORDPAD, QUE AQUI VC CHAMOU DE EDITOR DE TEXTO, E MENSIONOU QUE ELE NAO MEMORIZA AS FORMATAÇOES, SE VC POR EXEMPLO ABRI-LO EM OUTRO PROGRAM(POR EXEMPLO WORD - PROCESSADOR DE TEXTO) AS SUAS FORMATAÇÕES NAO ESTARIAM LÁ......CERTO? .....ERRADO: AS MESMAS FORMATAÇÕES CONTINUAM LÁ NO WORD....NAO HÁ DIFERENÇA ENTRE ALGUNS EDITORES E PROCESADORES DE TEXTOS.....WORD É UM PROCESSADOR E EDITOR AO MESMO TEMPO!

    ResponderExcluir
  4. Anônimo8:14 PM

    MANDEI UM EXEMPLO DE ERRO! PORQUE NÃO POSTA E RESPONDE?!!! RAAAAAAAA

    ResponderExcluir
  5. Se você faz mesmo questão disso, seu "exemplo de erro" está errado. Em nenhum momento eu falo do WORDpad, que também é um processador de textos. Eu falo do NOTEpad (bloco de notas), que é sim um editor de textos. Aliás, porque você acha que os dois programas vêm no Windows?

    ResponderExcluir
  6. Esses haters anônimos se multiplicam como ratos...

    ResponderExcluir
  7. Mas num é? Haters gonna hate, hahaha!!!

    ResponderExcluir
  8. Parabéns pelo blog.

    Você poderia me tirar algumas dúvidas?

    1 - A função do editor de texto é manipular caracteres, mas com que objetivo?

    2 - Se eu, por exemplo, coloco negrito em uma palavra, eu não estou editando o texto? Mas colocar negrito é função do processador, não do editor. É isso?

    3 - Todo processador é um editor, pois também manipula os caracteres?




    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, João!

      Vamos lá:

      1 - um processador de textos vai manipular caracteres para criar arquivos que vão, eminentemente, ser lidos por seres humanos. Um editor de textos vai manipular caracteres que tanto podem ser lidos por seres humanos (como um arquivo .txt), como podem ser lidos apenas por máquinas (arquivos com código fonte de alguma linguagem de programação, arquivos com linguagens de marcação, etc.), por isso não há ênfase na formatação. Entretanto, num código fonte, uma vírgula fora do lugar pode, literalmente, arruinar toda a mensagem.

      2 - Se formos levar ao pé da letra, sim, quando você faz qualquer tipo de formatação, você está editando textos. Inclusive, se não me falha a memória, existe o menu EDITAR no Microsoft Word e no LibreOffice Writer. Mas essa distinção entre os dois (que não foi inventada por mim) é justamente para saber qual vai ser o output daquele programa: é um documento que vai quer impresso/apresentado, ou é apenas uma cadeia de caracteres que pode tanto ser lida por um humano quanto por uma máquina?

      3 - mais uma vez, se formos levar ao pé da letra, sim. Mas um processador faz mais coisas, como inserir imagens, tabelas, ou arquivos de outros tipos dentro do documento que está criando. Já um editor, só ordena os caracteres, e insere algumas poucas informações ocultas, como caracter de fim de linha e codificação. Basicamente, é uma máquina de datilografia - das antigas! - eletrônica.

      Outro ponto que você tem que ter em mente é que arquivos de texto plano, produzidos por editores de texto, podem ser lidos por qualquer outro editor de textos, sem firulas ou conversões. Mas arquivos feitos em um processador de textos, necessitarão de filtros, conversores e outros artifícios para serem trabalhados em outro processador de textos.

      Uma nota:

      No próprio site da Microsoft, eles dizem que o Word é um programa para processamento de textos:

      http://office.microsoft.com/pt-br/word-help/tarefas-basicas-no-word-2013-HA102809673.aspx

      Excluir
  9. Parabéns cara! Ótima matéria, tudo muito bem explicado, estou montando um modulo para uns alunos e consegui muita informação preciosa. Ah! Ainda bem que vc falou do software livre. É muito importante que as pessoas saibam que existem outros programas para poder usar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, Danillo! E, sim, a preferência da casa é sempre por software livre, mesmo em casos onde os sistemas operacionais forem proprietários. :)

      Excluir
  10. Pelo menos o cão raivoso anônimo me ajudou com minha duvida enquanto ao WordPad, pois já que o Márcio não mencionou no post dele eu fiquei pensando se ele era processador ou editor dai atraves do exemplo errado do erro do m
    Márcio (rsrsrs) que ele citou o assunto veio à tona.
    Às vezes o mal traz um bem!
    Ah, parabéns pelo blog Márcio, nao conhecia mas ja add como favorito. Pra quem estuda pra concurso tem muitas informações úteis!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, Famello! Não tenho atualizado o blog tanto quanto gostaria, mas de vez em quando tento postar alguma coisa.

      Excluir
  11. Minha processora me pediu para fazer um mapa conceitual sobre o processador de texto do word, qual caminho a seguir?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Jussara.

      Não entendo bulhufas de mapas conceituais...

      Mas se me permite palpitar, acho que se você tem que fazer um mapa conceitual *sobre* o Word, um bom ponto de parrida poderia ser começar pelos grupos da faixa de opções (inserir, Layout de Página, etc).

      Excluir