É fato que as pessoas - pelo menos as que lêem - tem certo interesse, algumas até fascínio, pelo que se convencionou chamar de “processo criativo” dos escritores. Mas estávamos falando de escritores. O que dizer dos beletristas?
Embora eu ache que exista pouca gente querendo saber em que sentido giram as engrenagens na minha cachola, acho que a tentativa de verbalizar o que se passa durante o processo de concepção de uma narrativa me ajuda a colocar as coisas em perspectiva. A olhar de longe e pensar no que pode ser melhorado no futuro. Mas fiquem tranquilos. Não vou tentar explicar a piada.
Pode parecer meio prematura tentar falar das entranhas de um conto - ADSENSELESS - que ainda está em sua segunda parte. Parte esta, aliás, que foi publicada com um atraso de pelo menos três meses (uma vez que estabeleci uma deadline pessoal de trinta dias entre um capítulo e outro).
Lá em cima, utilizei a palavra beletrista sem falsa modéstia ou intenção de ser engraçado. Embora a palavra tenha uma carga pejorativa indelével a essa altura do campeonato, beletrismo, segundo o Houaiss, também pode significar, entre outras coisas, “atividade literária diletante ou puramente recreativa”. Acho que é o meu caso.
Lá em cima, utilizei a palavra beletrista sem falsa modéstia ou intenção de ser engraçado. Embora a palavra tenha uma carga pejorativa indelével a essa altura do campeonato, beletrismo, segundo o Houaiss, também pode significar, entre outras coisas, “atividade literária diletante ou puramente recreativa”. Acho que é o meu caso.
Eu, literalmente, escrevo quando dá. Embora esteja numa relação quase simbiótica com um laptop, um smartphone com tecladinho QWERTY e um bloquinho, a escrita - pelo menos a de ficção, essa que me dá prazer - ocorre aos poucos, em doses homeopáticas. Acredito que parte disso se deva ao fato de eu passar uma boa parte do dia macetando as teclinhas de plástico do Dellzão. Não ter uma rotina - meus horários de trabalho costumam variar bastante - também pesa. Às vezes, contudo, escrevo no trabalho. Me considero, aliás, o Alt + Tab mais rápido do Oeste.
A idéia de ADSENSELESS veio quando eu estudava mais sobre o Google Adsense. Comecei a tomar notas para o que seria um continho, quase uma anedota, sobre a publicidade nesse começo de século XXI. Quem surgiu primeiro foi, claro, Macanudo.
A idéia de ADSENSELESS veio quando eu estudava mais sobre o Google Adsense. Comecei a tomar notas para o que seria um continho, quase uma anedota, sobre a publicidade nesse começo de século XXI. Quem surgiu primeiro foi, claro, Macanudo.
Quando publiquei a primeira parte, a segunda já estava praticamente escrita. Só que não gostei do texto e resolvi deixá-lo cozinhando. Enquanto isso, no mundo real, muita coisa aconteceu, e acabei deixando o texto meio de lado. Voltei à segunda parte dias atrás. Mexi aqui, ali, e, embora tenha achado o resultado satisfatório, penso que talvez ele não tenha transmitido todas as idéias que planejei. Paciência.
O “processo” varia. Neste caso, para cada parte do conto, crio um arquivo separado. Fica mais fácil manipular o texto. Também criei um outro arquivo, onde despejo tudo quanto é tipo de informação que julgo interessante: links, trechos de diálogos, notas e por aí vai. Nesse mesmo arquivo há pequenas bios dos personagens que apareceram e ainda vão aparecer, assim como um roteirinho dos 6 capítulos originalmente planejados.
A parte 5, vejam vocês, já passou das 1000, e provavelmente terá que ser dividida, o que aumentará o número de partes para um cabalístico 7.
E, por fim, a parte 6 (que provavelmente será a 7, note) também não existe, a não ser por uma frase que define o que será o clímax da história.
Não considero ADSENSELESS ficção-científica, propriamente dita. Não que não goste do gênero, muito pelo contrário. Mas acho que para chamar minha ficção de científica, terei que comer mais um pouco de feijão. Sim, há technobubble, infodump e essas coisas, mas é mais uma maneira de extravasar minha tecnofilice do que qualquer outra coisa. O que me interessa na ficção, de qualquer gênero, são as possibilidades.
Ok, eu sei que o Ellis já fazia isso há dez anos, mas mesmo assim, vamos lá: ouça, no talo, Release, do disco A Fine Day To Exit, da banda britânica Anathema. Leia Kafka à beira-mar, de Haruki Murakami, que eu ainda não finalizei, mas, até o momento, compensa cada página.
Nenhum comentário:
Postar um comentário