Você já tinha ouvido falar de Simon Mawer?
Nem eu.
Até que, em meados de 2001 eu comprei seu único livro (acho) traduzido para o português, O EVANGELHO DE JUDAS. O romance ficou empoeirando-se por um bom tempo até que, por motivos que iam além do simples entretenimento, eu iniciei a leitura em alguma data dos últimos 6 meses.
Sejamos francos: o livro é chato.
Mas não vá embora ainda. Talvez eu não tenha me expressado bem: o livro é lento. Não se deixe enganar pelo textinho da capa “ Um thriller que vai surpreender você”. É uma história totalmente não-hollywoodiana. Melhor assim.
O personagem principal é um padre, Leo Newman, que, além de se ver às voltas com a tradução de um documento – legítimo – que pode colocar abaixo tudo no que ele acredita, ainda inicia um caso com uma mulher casada. Apostasia, Apócrifos, Apocalipse e outras palavras engraçadas começadas com A permeiam a trama, que conseguiu me agradar justamente pelos detalhes.
Como já disse antes, a narrativa é lenta, devido, talvez, à opção do autor por dividi-la em três linhas distintas; uma principal, uma anterior (que conta a história da família do padre) e outra posterior (e, pra complicar tudo, em primeira pessoa) que fala dos eventos que sucederam o episódio do evangelho. O começo é um pouco confuso, mas depois você se habitua.
Enquanto muitas pessoas (eu incluso) cederiam à tentação de dar um foco global à coisa toda, Mawer preferiu demolir seu protagonista aos poucos. A descoberta do evangelho causa alvoroço na comunidade religiosa, claro, mas tudo ainda gravita em torno de Newman (sobrenome que fica cada vez mais sugestivo a medida que o final se aproxima).
Some isso ao cacoete do narrador (autor?), que fica o tempo todo analisando a etmologia das palavras e você vai ter um livro que pode ser (pra mim foi) bastante agradável.
Os pontos contra são a capa baranguinha e o texto da orelha, que poderia continuar interessante omitindo um par de informações que seriam melhor aproveitadas se descobertas durante a leitura.
Exige paciência, mas é legal.
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