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domingo, 1 de agosto de 2010

MINUTES TO LEARN. A LIFETIME TO MASTER.

And these instruments ought to be accessible to children as well. Look at the piano for example. An uninstructed child will discover on their own that the keyboard's x-axis relates to pitch, force relates to volume, and if their little legs are long enough they can experiment with sustain. Minutes to learn (albeit badly). A lifetime to master. [grifo meu]

Gostei da analogia e da sonoridade da frase. Li aqui.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

A (MÁ) UTILIZAÇÃO DA INTERNET PELOS QUADRINISTAS BRASILEIROS

Eu ia escrever um loooooongo post, citando nomes e puxando orelhas, mas como sou apenas mais um leitor latino-americano sem dinheiro no bolso, resolvi que ao invés de dar um toque em algumas pessoas, vou fazer apenas uma observação genérica, destinada a quem queira ler.
Em qualquer negócio que se preze, sempre há quem produza o que vai ser vendido, e quem venda o que foi produzido, seja na produção de aeronaves, seja na produção de quadrinhos.
Mas, quando falamos em quadrinhos independentes, a coisa muda de figura, visto que os realizadores têm que assumir mais de uma função, para não falar dos caras que fazem TUDO sozinhos.
E é aí que a porca torce o rabo.
Na hora de vender a sua revista, alguns autores não conseguem comutar seu modo de operação de 'criador' para o de 'vendedor'.
O que tenho observado é que os criadores de algumas hqs das quais, paradoxalmente, tomei conhecimento na internet, não têm o devido cuidado na hora de divulgar seus trabalhos na rede.
Estou me referindo especificamente a uma revista e uma editora. Isso mesmo - Editora.
Ok. Consegui encontrar informações sobre ambas em vários sites, blogs, comunidades no orkut e afins. Mas, e os autores? O que eles têm a dizer a respeito dos próprios trabalhos? E, o principal, as amostras de páginas desenhadas? Porque, se eu vejo algumas páginas antes, posso ficar muito mais inclinado a comprar (ou não) aquela(s) revista(s).
"Pô, Massula! Não basta enviar um e-mail aos caras?"
Pode ser. Mas um e-mail presume o início de um colóquio cuja continuidade pode demorar dias, semanas ou que pode mesmo nem começar.
Por várias vezes já tive e-mails não respondidos e algumas vezes, quando tive saco para insistir no assunto, descobri que foi por que a conta não era mais utilizada, minha mensagem caiu num anti-spam ou a pessoa que deveria ter respondido simplesmente esqueceu.
Além disso, a informação (previews, descrições, extras, condições de pagamento) à mão ajuda a alavancar a compra por impulso (creio que há um nome técnico para isso, que me escapa à cabeça agora), aquela que o cidadão está muito a fim de fazer num determinado momento, mas que não faria cinco minutos depois. Por enquanto, esqueça a arte e o enaltecimento do quadrinista brasileiro como artista. Estamos falando de VENDER gibis, certo?
E nem precisa ser nada complicado. Um blogzinho já basta. Há cinco anos atrás, quando comecei isso aqui, ainda era um pouco chato dar uma garibada no blog e tomei couros e mais couros do meu html querido, que desconhecia até então. Mas hoje em dia existem diversos sistemas, inclusive em português, onde qualquer zé-ruela alfabetizado pode criar o seu próprio em questão de minutos.
"Ah, Massula, mas eu não tenho computador em casa!"
Ah, é, filisteu? E aqueles emails que cê mandou pro UNIVERSO HQ e pro BIGORNA (sei que cê também mandou pro OMELETE, mas salvo raras exceções, eles não costumam dar muita bola pro que convencionamos chamar de quadrinho independente. Pelo menos, não os nossos)? E os posts que cê colocou no Orkut e nas listas de discussão?
"Ah, mas um email é jogo rápido, né?"
É. Mas se você IMPRIMIU uma revista, pode muito bem pagar algumas horas numa lan-house e comprar um pen-drive vagabundo (vi um de 1 Giga dia desses no mercado que sei em 10x de 6,90). Problema logístico resolvido.
É claro os anúncios na internet não serão os únicos responsáveis por manter seu produto no mercado. Se o material não se sustenta por si só, não vai ser blog, flog ou site legal que fará isso por ele.
Mas, nos dias de hoje, onde surgem cada vez mais hqs (e isso porque desconsiderei os outros concorrentes), é mais do que interessante que seu gibi tenha um cantinho próprio nessa turba de informação que é a internet. Pois, afinal de contas, a grande objetivo da rede é justamente esse: APROXIMAR PESSOAS.
Claro, você pode cagar e andar para tudo o que eu disse. Mas quem tem mais interesse na venda da sua revista? Eu?

quarta-feira, 4 de abril de 2007

QUADRINHOS NA REDE (E UMA IDÉIA)

Não é de hoje que se discute esse assunto, mas devido a algumas conversas em listas de discussão, em blogs e coisas que andei lendo por aí, resolvi dar meus pitacos a respeito do assunto.

Que a distribuição de quadrinhos pela internet, em formato digital seja o futuro, não nego. Detesto ler na tela, opinião compartilhada pela maioria dos dinossauros da minha idade, mas a molecada que é dez anos mais nova já não pensa assim, e imagino que essa situação tenda a se perpetuar daqui em diante.

Então a questão passa a ser: como distribuir hqs na internet?

De graça?

Pode ser. Mas aí é aquela história de tudo pela arte. E só a arte não enche barriga de ninguém. E vai chegar uma hora que você ou alguém que trabalha junto com você vai ficar de saco cheio. E vocês vão dar prioridade para outras coisas. E c'est finit.

Vender?

Não.

Se com quadrinhos impressos já existem equipes de nerds prontos para escanear, diagramar e até traduzir as histórias assim que elas chegam nas prateleiras, o que dizer de um produto que já está prontinho para cair nos torrents e p2ps da vida? E, como diz a sabedoria popular, caiu na rede é peixe. Num mundo ideal valeria o raciocínio de que quem lesse antes de graça e gostasse iria a seu site e pagaria pelo conteúdo, feliz da vida, não é? Contudo, pessoalmente, não acredito que seja assim. Eu mesmo já comprei muita coisa que li antes em “formato digital não-sancionado”, só que conheço um número muito maior de pessoas que lê quadrinhos na tela e não faz isso. Note que não estou fazendo uma pregação contra a leitura de scans e tal. Só acho que comercializar arquivos por si só não é um bom negócio. Para mim, a solução é outra

Vejamos um caso próximo a todos nós, que é André Dahmer, criador da tira de quadrinhos MALVADOS. Ele capitalizou seus quadrinhos de outra maneira. As tiras continuam sendo publicadas regularmente em seu site, e o acesso é gratuito, mas ele vende produtos correlatos, como camisas e impressões das tiras. É assim que o cara levanta seu dinheiro.

( Há uma entrevista onde ele comenta o processo detalhadamente, mas não me recordo do link. Quando encontrá-lo, faço uma atualização aqui.)

E acho que a solução vai por aí.

Uma outra possibilidade que enxergo é a de se conseguir patrocinadores. Empresas ou pessoas que vão anunciar na sua revista eletrônica, que terá distribuição gratuita. Funciona há séculos com a TV, não vejo porque não funcionaria com hqs. Obviamente, existe o possibilidade da perda de “liberdade artística” por causa do patrocínio, mas acho isso muito pouco provável. Primeiro porque hoje em dia existem mercadorias que se alinham com quase todo tipo de tema ou gênero. A questão seria encontrar alguém que tenha um produto sintonizado com o público alvo de sua revista.

Sei que falando assim parece fácil, mas não é. Contudo, não é impossível, e acho que já tá na hora do pessoal que faz e quer viver dos quadrinhos visualizar outros modelos de negócios.

AGORA, A MINHA IDÉIA.

A idéia, que pode ou não se enquadrar no assunto deste post, é algo que alimento há muito tempo, mas por motivos diversos não pude levar adiante. Seria uma revista, no formato Fell/Slimline. Pra quem ainda não conhece, Fell é uma revistinha bem legal, criada por Warren Ellis e Ben Templesmith, publicada pela Image. A grande cartada é que a revista, que tem um número de páginas desenhadas menor do que o usual no mercado americano, 16 contra as 22 normais, o que, consequentemente, torna seu custo menor do que as concorrentes. Além disso, há sempre uma seção de extras (correio, trechos de roteiros, sketches, idéias, enfim). A Image gostou do formato, criando a linha Slimline, e lançou outra revista nos mesmos moldes, Casanova, escrita por Matt Fraction e desenhada pelo brasileiro Gabriel Bá.

Já ouvi outras pessoas que também manifestaram interesse por esse modelo, como o Pablo ou o Hector, cada um com suas devidas variações.

A minha seria assim: uma revista de 24 páginas, sendo que 4 seriam as capas, 16 seriam para quadrinhos e mais 4 para os extras. Nos quadrinhos, e acho que a minha diferença se encontraria aqui, eu publicaria duas séries de 8 páginas cada. A revista já tem um nome provisório, e seria estreada por LIBRA, sobre a qual já falei aqui muitas vezes, e também sobre MANDRÁGORA, que também teve alguns comentários dedicados a ela no passado.

A idéia, a princípio, seria publicar em papel mesmo, mas cada vez mais me sinto tentado a fazer isso via rede.

Se vai rolar? Não sei.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

EDITANDO QUADRINHOS NO BRASIL

Senta que lá vem história.
Como disse ontem, a declaração que o diretor da Pixel, André Forastieri (que já foi um dos donos da Conrad) deu na entrevista ao site UniversoHQ me causou certa estranheza, somando mais um ponto ao já bizarro caso da edição de quadrinhos brasileiros no... Brasil.
Quando digo edição, estou me referindo ao aspecto totalmente profissional do trabalho, excluindo quaisquer publicações feitas na base de camaradagem e/ou de maneira independente. Vou me referir aqui à edição de quadrinhos brasileiros por parte de editoras sedimentadas no mercado, que podem colocar ISBN no produto e, consequentemente, podem disponibilizá-lo em qualquer livraria ou site, e que tem condições de pagar os autores, nem que sejam somente os famélicos e usuais 8-10% de direitos autorais.
Agora me diga você: quantos quadrinhos nacionais publicados nesse regime lhe vêm à cabeça agora?
Poucos, né?
Pois é, também acho.
Na tal entrevista, Forastieri afirma que são poucas as pessoas que mandam trabalhos para as editoras. Será mesmo? Porque na própria comunidade da Pixel no Orkut existe um tópico que fala justamente sobre envio de material, e não me pareceram poucos os que se manifestaram (donde podemos concluir que, seguindo a prática que se observa nos fóruns da internet, existe uma parcela muito maior que NÃO se manifestou, mas deve ter enviado material ou no mínimo se interessado no assunto). Eu mesmo cheguei a enviar material, na época em que ainda era só Ediouro, mas, no meu caso em particular, admito minha parcela de culpa na condenação do meu material ao limbo eterno.
Então, mesmo que poucas pessoas enviem, algumas enviam, certo? E depois?
A meu ver, os três piores defeitos da edição profissional de quadrinhos brasileiros são:
“Só aceitamos material pronto”
Se você costuma vir por aqui de vez em quando ou me conhece pessoalmente, deve saber que eu não consigo desenhar nem uma linha torta. Então, quando disse que enviei material à Ediouro, estava me referindo à roteiros de hq. Em duas outras circunstâncias, quando questionei outras editoras sobre envio de roteiros, a resposta que recebi é que só avaliavam histórias prontas. Conversando com pessoas por aí, é fácil perceber que essa é a regra em quase todas as casas que se prestam a publicar material nacional.
E agora eu pergunto: onde está o trabalho de edição aí, afinal de contas?
Porque, embora eu não queira desmerecer todo o trabalho que dá publicar um livro ou revista nessas condições, não acho que haja *edição*, de fato.
Sinto que as coisas seriam diferentes caso houvesse alguma empresa que estivesse interessada em desenvolver IDÉIAS. Que estivesse interessada em pegar um roteiro, um argumento ou mesmo uma storyline e ver se aquilo dá samba ou não. Que estivesse interessada em avaliar portfolios. Que estivesse interessada em aparar arestas. Que estivesse interessada em unir escritores e artistas. Que estivesse interessada em CRIAR histórias.
A avaliação de material pronto é mais cômoda para a editora, mas será que é a melhor maneira de fazer as coisas caminharem?
Nos países onde existe um mercado real para hqs nacionais, as coisas costumam funcionar um pouco diferente. Mesmo tendo o material todo pronto ou engatilhado, vai-se apresentando a idéia aos poucos. Normalmente envia-se um “pitch”, que é um resumão de tudo o que vai acontecer, mais amostras da arte, talvez as primeiras quatro ou cinco páginas desenhadas. Em cima disso a editora questiona os autores, pede mais amostras, até sentir que a história tem potencial. Só então é dado o sinal verde para a produção. Isso é legal porque economiza tempo e energia dos autores e da editora.
“Envie para nós seu material...”
Oba!
Mas... que material?
Quando há abertura para mandar as “partes” de uma hq, seja o roteiro, sejam os desenhos, não há especificação de como.
Ok, você aceita roteiros, mas, como eu vou enviá-los? Tem que ser em papel, ou posso mandar um pdf para o email da editora? Como ele deve estar formatado? Texto corrido (full script) ou aquelas tabelinhas horrorozas? E os desenhos? Qual o tamanho dos arquivos que devo enviar? Em qual definição? Em qual formato?
Em qualquer site de grande editora estrangeira que aceita material não-solicitado, existe uma parte específica para submissão de material, onde estão detalhados todos os procedimentos, tanto para histórias completas, como para roteiros ou desenhos em separado. A da editora francesa Delcourt é um bom exemplo. Explicações simples (até para meu parcíssimo francês), informação totalmente visual, e instruções também sobre o que NÃO se deve fazer.
Outra coisa que me chama a atenção é a falta de linhas editoriais. Normalmente o argumento “mande pra nós e, se for legal a gente publica” é visto com bons olhos, mas também pode ser um tiro no pé (dos quadrinistas). Sem uma linha editorial definida, os critérios seletivos serão única e exclusivamente os gostos pessoais de quem selecionará as histórias, e de que adianta enviar aquele álbum maneiro de supas que você levou dois anos para fazer se o máximo em quadrinho americano que o editor tolera são os irmãos Hernandez?
“Obrigado por ter enviado seu material, mas...”
A espera e a angústia. Você envia aquela história que fez com tanto carinho e passa a primeira semana checando seus emails à cada 5 minutos, à beira de um colapso nervoso. Se passam duas semanas. Três. Um mês. Dois. Seis. Um ano. E nada. Ninguém te responde. Ninguém lhe dá uma satisfação, nem que seja para dizer que você deve escolher outro meio para expressar suas idéias. Foda, né?
Foi, por exemplo, o caso dos roteiros que enviei para a Ediouro. Foi no fim de 2005, há bem mais de um ano. Sei que pouco tempo depois houve a fusão com a Futuro, que gerou a Pixel, então provavelmente esse material ficou esquecido por lá. Sei também que não apresentei o material (um punhado mal-organizado de roteiros) como deveria, então, no meu caso, mea-culpa. De qualquer maneira, gostaria sim de ter tido uma resposta. Que fosse negativa, mas que me respondessem.
Uma resposta negativa, acompanhada de uma breve descrição dos motivos que levaram aquele material a ser rejeitado fariam muito bem ao(s) autor(es). Serviria de norte para seu trabalho, e lhe daria a escolha de tentar adaptá-lo ao que a editora propõe, ou ir na contramão e continuar fazendo as coisas como gosta, tentando publicá-las em outro lugar.
Para dar um exemplo concreto (mas sem citar nomes), um amigo, em meados do ano passado, enviou uma proposta à Image Comics. Recebeu a resposta em menos de um mês. Não iam publicar o gibi dele, mas explicaram porque, e, consequentemente, evitou-se que ele alimentasse expectativas à toa.
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Depois de tudo o que escrevi, pode ficar parecendo que tenho a maior birra da Pixel, mas não tenho não, viu? Muito pelo contrário. Citei-a várias vezes porque o estopim deste post foi justamente uma entrevista com seus editores, e também por eu mesmo ter enviado material à uma encarnação anterior da editora.
Mas que podiam melhorar a parte de avaliação, ah, podiam.

domingo, 9 de abril de 2006

AMIGO NÃO É QUEM APARTA A BRIGA. É AQUELE QUE JÁ CHEGA DANDO VOADORA...

Eu não admitiria isso em um jantar de família, mas a subcultura das mensagens em porta de banheiro é algo que sempre me interessou. Eu trabalho na indústria, em várias delas na verdade, e uma constante (que se aplica a todos os lugares com grande circulação de pessoas) são os “murais” públicos em que se transformam os banheiros. Estou, claro, falando dos masculinos, mas dada a natureza humana, não é difícil inferir que ocorre fenômeno semelhante no wc das moças.

Enfim.

Se você quer saber das notícias mais novas ou dos boatos mais picantes, basta dar uma olhada no que está escrito lá dentro. Desenvolver filtros para se distinguir as versões romanceadas daquelas que se aproximam mais da verdade exige horas de trono e uma certa sensibilidade, mas com o tempo você começa a perceber o que é uma verdade turbinada e o que é uma calúnia rancorosa. Conhecer os envolvidos ajuda, é óbvio.

Os assuntos preferidos, em qualquer região do país, e mesmo no exterior, são, SEMPRE, futebol e a mulher do próximo (neste último, a mulher sendo substituída, às vezes, pela mãe ou pela irmã). Mas existe também a ala criativa desses escritores anônimos, com suas corruptelas de ferramentas da qualidade, por exemplo. Dia desses vi uma versão apócrifa de um quadro de polivalência que me fez dar boas risadas.

Mas o gatilho desse post foi mesmo o fato de, agora, em meu atual paradeiro, ter me deparado com um desdobramento interessante disso. Em tempos de V de Vingança, descobrir que existe um anarquista-arquetípico deixando seus líbelos nos banheiros da Grande Montadora é, no mínimo, uma ironia engraçada. O cidadão atende por uma alcunha que eu imaginava fictícia, mas descobri ser o sobrenome de alguém – sendo esse o motivo de não publicá-la aqui - e esconde-se atrás da privacidade das...privadas. O figura, ou melhor, a idéia, parece ser conhecido por todos, isso se não for uma entidade coletiva, uma versão terceiro-mundo do Luther Blisset, por exemplo. É autor, ou pelo menos portador, de adágios memoráveis como o que serve de título ao post (com os erros de português devidamente extirpados{não que eu seja exemplo de estilo}), e parece ser o porta-voz da classe trabalhadora, pelo menos no que tange aos quesitos mais subjetivos e pessoais do ambiente de trabalho.

Engraçado.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

AUTO-ESTIMA

Engraçado, só depois que terminei NO SUFOCO fui reparar que estava marcando o livro com uma singela propaganda da COLEÇÃO AUTO-ESTIMA, “clássicos da auto-ajuda e espiritualidade”. Me amarro nessas ironias do acaso, se você quer saber.

A propósito, o saldo geral foi bom, mas faltou o “punch” do CLUBE DA LUTA ou do SOBREVIVENTE.

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

PAPAI NÓIA

Isso ainda tá na cabeça.

No último sábado, fomos eu, a patroa e rebento a um supermercado próximo aqui de casa para - não poderia ser diferente - fazer compras.

Desconfio que as crianças têm algum tipo de sentido extra e sazonal, dedicado à localização de qualquer simulacro da figura comemorativa da vez. Como não poderia deixar de ser, o pequeno encontrou o indefectível Papai Noel do mercado mais rápido do que eu, e partiu desgovernado em direção ao cara.

Chegando perto, por alguns momentos acreditei que o pessoal do mercado tivesse confundido a data: a primeira figura que me vem à cabeça quando vejo "olhos vermelhos" é o coelhinho da Páscoa. Mas era o Bom Velhinho mesmo. E o cara tava muito louco! Não falava coisa com coisa, e a prova inconteste foi o bafo de cachaça, que tava brabo, devo dizer:

Para alívio da moça do mercado que o acompanhava, ele se desvencilhou - muito educadamente, que fique bem claro- das crianças e foi repor o estoque de balas.

A situação, pelo menos em minha cabeça, não deixou de ter sua própria ironia: o cara tinha bebido antes do trabalho por que estava pouco se fodendo, ou estava bêbado por que estava
muito fodido?

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

A COR DO SOM

Carai, eu me amarro em sicronicidades. Mesmo quando elas só existem em minha cabeça. Se é que existem, claro.

Ontem iniciei ALMOST BLUE, bacanérrimo até o momento, e, vejam só, um dos personagens - que é cego - desenvolve um sistemas de associações para tentar descrever as cores. Um tipo de sinestesia psicológica, por assim dizer. E não venha ficar puto(a) comigo que isso rola bem no início do livro.

Hoje, lendo uma entrevista deliciosa (mais comentários depois) com o Maconheiro Mágicko de Northampton, não é que o barbudão, num longo discurso sobre a linguagem, vem com umas conversas desse naipe? A definição do Moore era mais ampla, mas a idéia era a mesma. Legal, né?

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

FF

Ainda não li QUARK, mas a primeira impressão, que não foi das melhores, só foi dirimida pelo conhecimento das circunstâncias nas quais essa hq foi gerada, ou melhor, por quem.

O traço tá esquisito, meio toscão, abaixo mesmo da média da maioria dos mangás genéricos (leia-se: feitos no ocidente), parecendo coisa de fanzine. Tudo bem, provavelmente o van Kooten não contou com hordas de assistentes para desenharem cenários e não sei o que lá mais. Além disso, pra uma edição de quase 10 mangos, tá paupérrima, indo na contramão do material que a Ediouro tem lançado. Mas tem coisa mais bacana que saber de uma mangá escrito por um HOLANDÊS de 66 anos? E desenhado por outro de 44?

Pode ser impressão minha, mas essa coisa de mangá, na minha cabecinha fraca, tá muito conectada com a minha própria geração. Daí o estranhamento.

***

Dentre as minhas teorias literárias, eu costumo sustentar que Dante era gay. Não que importe o fato do florentino gostar da fruta ou não, claro, mas seria interessante pensar na mudança de perspectiva que isso causaria, não? Imaginar que, ao invés de estar na captura de sua musa, Beatriz, o cara atravessou o Inferno e o Purgatório só pra dar uma bulida no ídolo Virgílio. Mas pra quê ele foi para o Céu, zé-ruela? Ué, vai dizer que se você tivesse a oportunidade, não aproveitaria?

Também sustento, quase sempre mentalmente (porque existem poucas pessoas dispostas a dar sequência nisto. E eu até entendo o porquê), que Don DeLillo tem uma semelhança - que extrapola a simples coincidência fenotípica - com a Rita Cadilac. Refiro-me apenas ao rosto, claro.

E, ainda sobre o Novaiorquino, sou só eu que acho que ele foi a inspiração para John Trause, personangem do Auster no livro NOITE DO ORÁCULO?

***

Dia desses tava folheando O LIVRO DAS COUSAS QUE ACONTECEM, de Daniel Pellizzari, e, puta livro, hein? Daí, atrás de DEDO NEGRO COM UNHA, sua mais recente cria, fui dar umas bandas no site da editora DBA, a mesma que editou o romance o NATIMORTO, do Muttarelli, e CAVERNAS E CONCUBINAS, do lendário Cardoso, mas o site, lindão, está desatualizado e no catálogo não consta ainda esse quitute.

segunda-feira, 7 de março de 2005

BEM, ESTOU ESCREVENDO UM LIVRO E...

...nada. Eu gostaria realmente de estar dizendo isso. Mas não estou. Por enquanto, contento-me em imaginar-me proferindo essas palavras. Pra mim já basta o título de escritor não-praticante. Por enquanto, como disse.

Mas...

Como pretenso amontoador de letras e idéias, navegando por esse lugar que não existe, costumo esbarrar com todo o tipo de pessoa que se possa reunir sob o rótulo de escritor. Uns, muito bons (e acho que não preciso ficar dando nomes aos bois, né? Os links - desatualizados, é verdade - falam por mim). Outros, dando os primeiros passos, como eu. Outros ainda, dando passos maiores que as pernas.

Mas...

Isso nos leva a outra questão, uma frescurite minha, talvez, que é a de achar que os textos publicados na internet são, sei lá, efêmeros.

Explico.

Efêmero, aqui, não tem qualquer conotação relativa à juízo de valor. A impressão é física mesmo. É como se aquilo tudo fosse desaparecer.

Não desaparece, claro. Vai ficar guardadinho aqui na cabeça, e, vez por outra, da turbulência disso que a gente chama de memória, vai surgir um ou outro fragmento capaz de colocar meu achismo sete palmos abaixo do córtex.

Mas...

Eu prefiro ler no papel.

“Mas não tem nada a ver”, “o que vale é a mensagem, não o meio”, “blá, blá, blá, blá”....

Não adianta. Eu não saberia explicar porquê, mas para mim é bem mais fácil reter informação impressa do que digital. É assim com quadrinhos, é assim com texto.

E isso, continuando aqui minha digressão notívaga, automaticamente me obriga a confessar um preconceitozinho que acredito que alguns de vocês devem ter também, que é o de achar, pelo menos num primeiro momento, um texto no papel mais nobre do que um texto na tela.

Todo dia quebro a cara e sou obrigado a recorrer a um slogan gravado à ferro e fogo no imaginário popular pelos nossos tão competentes publicitários, ou seja, tenho que rever meus conceitos.

De qualquer forma, eu costumo encontrar muita coisa que não valeria um centavo enfeitando estantes de livraria e, em contrapartida, muita coisa pela qual pagaria muuuuuuiiiitos centavos à deriva nesse lugar aqui.

Esquisito, não?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

O MUNDO DE BOBBY

Como vive observando (e com razão) minha esposa, sou, para ficarmos só nos eufemismos, meio desleixado no que tange à manutenção do próprio corpo, e fazer a barba está entre uma das coisas que adoro NÃO fazer, e de tempos pra cá, a tal barba - farta - e uma cabeleira que fica cada vez mais escassa, vinham trabalhando em conjunto, deixando as partes de baixo e de cima do meu rosto com uma estranha - ou, terrível - simetria.

Então, seguindo seus conselhos, e no afã de redescobrir o verdadeiro formato do meu queixo, resolvi dar uma capinada na cara.

Mas sou preguiçosão, lembram?

Se a tarefa fosse exequível com um daqueles bics de lâmina única que vêm num pacote com duas unidades (1 real!) eu até encararia a empreitada, mas como não era o caso, resolvi terceirizar.

O que nos leva ao barbeiro, aquele homem que fica passando uma lâmina afiadíssima a poucos milímetros de um monte de artérias e veias com nomes complicados demais para serem lembrados assim, na lata. E aí eu estou lá, sentado na cadeira, tendo o pescoço pelado (do verbo - se é que existe - pelar) como um frango (que na verdade não é pelado, mas depenado, mas, bem, cês entenderam, né?), e fico imaginando se aquele carinha resolve se mostrar um “zíriquíli” e sei lá, dá um talho ali só pra ver até onde o sangue espirra, ou tenta arrancar algum dos meus globos oculares pra levar de presente pra mãe morta há quinze anos.

Caras, como eu detesto lâminas.

E ISSO É TUDO CULPA SUA, HOLLYWOOD DO CACETE!!!

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

EL NIÑOS

Estou cada vez mais convencido de que os bebês são forcinhas da natureza, e só se tornam PESSOAS quando caem na nossa conversa e aprendem o que é “bom” e “certo”.

terça-feira, 9 de novembro de 2004

QUADRINHOS À SERVIÇO DO MAL

Não é segredo pra ninguém que as HQs são ótimas ferramentas para a divulgação de conteúdos institucionais* e vêm sendo utilizadas há tempos no lugar das apostilas. É um meio extremamente vantajoso pelo fato de poder condensar-se muita informação em espaços relativamente pequenos.

Dia desses ganhei uma HQ na empresa, que falava sobre o 5S. Isso não é novidade. Eu já conhecia outros trabalhos dessa editora, que é especializada em transformar material relativo à metodologias de qualidade industrial em histórias em quadrinhos. Mas o que me surpreendeu é que as pessoas que fizeram a parada tinham um certo conhecimento da LINGUAGEM, além, óbvio, do CONTEÚDO. Quando a história começa, antes da implementação do 5S, os painéis são apertados e fica tudo espremido; existe um personagem que se modifica ao longo da história após conhecer o programa, etc et al.

Fiquei com medo.


* engraçado como o potencial dos quadrinhos é vislumbrado por todo o tipo de empresa, menos as editoras. O que nos leva a outra questão: tem muita gente que afirma não gostar de quadrinhos, mas a afirmação correta seria não “consome” quadrinhos, já que uma revistinha que lhe chega às mãos gratuitamente é devorada em questão de minutos.