sábado, 21 de novembro de 2009

GOOGLE CHROME OS

O mundo tremeu tempos atrás quando o Grande Irmão anunciou que estaria entrando no jogo dos meninos grandes.

Primeiro: por mais que muita gente esperneie (e, até certo ponto, tenha razão), a Cloud Computing veio para ficar. E o jornalista Nicholas Carr estava certo em THE BIG SWITCH (publicado por aqui como A GRANDE MUDANÇA): dentro em breve, a computação será como energia elétrica. Ninguém sabe de onde ela vem, mas ela está lá (quase) sempre que precisamos.

De qualquer maneira, na última quinta-feira, dia 19, o Google mostrou pela primeira vez os protótipos do que virá a ser seu novo sistema operacional.

Como muita gente já teorizava (eu, inclusive) o Chrome OS não passa de um browser anabolizado, montado sobre um kernel Linux. Todas as informações serão armazenadas nas nuvens.

Isso, claro, limita um pouco o espectro de atuação do sistema operacional. Mas a proposta é justamente essa. O alvo inicial do COS são os netbooks, máquinas baratas (hoje em dia, nem tanto assim), leves, com longa duração de bateria, extremamente portáteis e que as pessoas usam para coisas mais mundanas, como surfar na internet, criar documentos, ouvir música e ver vídeos.

O Rodrigo Ghedin, do Meio Bit, fez uma observação interessante: o modelo de funcionamento do COS torna o netbook praticamente descartável.

E daí, eu puxo a idéia um pouco mais: lembra lááááá nos primórdios dos netbooks (tipo, em 2007), quando a proposta era ter uma máquina muito barata que serviria de *complemento* ao computador principal da pessoa? Pois é.

Esse conceito meio que se deturpou de uns tempos pra cá, embora os netbooks ainda sejam definidos por suas limitações:  processadores ATOM, no máximo 1GB de RAM, sistemas operacionais fuleiros (seja o XP Home, sejam essas distros Linux ridículas). Contudo, eles estão cada vez mais caros, os mais sofisticados custando o mesmo preço de um notebook com configuração bem mais atraente.

Um sistema muito mais rápido e que não vai armazenar nada localmente não vai exigir um hardware tão parrudo. Saem HD e desperdício de RAM, entram velocidade, boot quase instantâneo e duração maior de bateria.

Contudo, há um detalhe: o Chrome OS só vai rodar no hardware de determinados fabricantes escolhidos pelo Google. Talvez seja uma maneira do Google fidelizar os parceiros, afinal de contas, para usar o sistema, você vai ter que comprar o netbook.

Já é possível ter um gostinho disso, através de iniciativas como o Splashtop e o Hyperspace, que são mini-distros Linux otimizadas para um boot super-veloz. Elas servem, basicamente, para que o usuário acesse uns poucos serviços sem a necessidade de aguardar o tempo necessário para que sistema operacional principal da máquina (Windows) esteja pronto para uso. O LG X120, comercializado no Brasil, já vem equipado com o Smart ON, que é desenvolvido sobre a tecnologia Splashtop.

No blog OMG!UBUNTU! há uma transcrição da apresentação do dia 19, com alguns screenshots e um Q&A.

Já é possível, inclusive, baixar o código fonte do Chromium OS, seu irmãozinho open source, aqui. Detalhe: para compilá-lo, você vai precisar de um GNU/Linux. De preferência, o Ubuntu. Hihihi... Aliás, a própria Canonical está trabalhando, sob contrato, no desenvolvimento do Chrome.

Para quem usa o VMWare, também já há uma imagem disponíve aqui. Não testei. Ainda.

Aqui, um vídeo do próprio Google



E aqui, um vídeo mostrando alguns dos recursos (lembrando que o Chrome OS não foi finalizado):



MAS...

A) veja bem: basear o funcionamento de um dispositivo numa conexão com a internet, por mais ubíquas que essas sejam hoje em dia, me parece um pouco arriscado. Atualmente, passo muito tempo fora de casa e meu acesso à internet se dá através de uma conexão 3G, muito, muito instável. E basta dar uma surfadinha internet afora para ver que esse problema não é exclusivamente meu. Isso reforça o lado "computador para happy-hour" desses netbooks.

B) tudo ok com a Cloud Computing, mas confiar apenas na rede me parece meio arriscado. De tempos pra cá temos visto cada vez mais histórias de terror, como o que aconteceu com o Ma.gnolia no início do ano, com o Sidekick mais recentemente, com várias outras emprezinhas que oferecem serviços online, ou com o próprio Google Docs num passado não muito remoto. Eu mesmo já tive um pouco de dor de cabeça por ter confiado demais no Dropbox.

A verdade é que, assim como fez com o Wave, o Google está tentando bater mais um prego no caixão dos paradigmas existentes na computação, mas não vai dar pra saber o peso que a vinda do COS vai ter até que ele seja realmente disponibilizado, o que ainda vai demorar um pouco.

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