Tomei conhecimento do assunto agora há pouco, graças a twittadas mil e um link vindo de outra direção.
Se não sabe do que eu estou falando, siga esta sequência de links.
Um leitor de ebooks decente tem despertado cada vez mais a minha cobiça, logo eu, um dos últimos românticos que ainda preferia ler na tela. He!
Resuminho: a Amazon, após perceber que tinha vendido algumas edições de livros do Orwell (Pois é, aquele do Big Brother...) que tinham restrições quanto a direitos autorais, DELETOU remotamente os arquivos de DENTRO dos Kindles dos usuários, conteúdo que, ALIÁS, foi PAGO. A Amazon estornou os noventa e nove centavos de dólar na conta das pessoas que tiveram seus exemplares de 1984 e/ou A REVOLUÇÃO DOS BICHOS deletados dos seus dispositivos. Mas isso não muda as coisas. Só pra você saber, em alguns países o copyright dos livros do Orwell já expirou, mas nos states eles continuam firmes e fortes até 2044.
O modelo de negócios do Kindle parecia promissor. Tinha umas vantagens legais, como a de poder fazer anotações ou ainda recuperar todos os livros que comprou caso perdesse o aparelho. Embora houvesse empecilhos técnicos que impossibilitassem ou pelos menos adiassem consideravelmente a vinda do Kindle pros lados de cá do Equador, o sistema, como um todo, soava interessante.
Não li todo o License Agreement do Kindle, mas, no que diz respeito à posse do conteúdo comprado através dos sistema, o parágrafo abaixo não deixa dúvidas:
Use of Digital Content. Upon your payment of the
applicable fees set by Amazon, Amazon grants you the non-exclusive
right to keep a permanent copy of the applicable Digital Content (grifo meu) and to
view, use, and display such Digital Content an unlimited number of
times, solely on the Device or as authorized by Amazon as part of the
Service and solely for your personal, non-commercial use. Digital
Content will be deemed licensed to you by Amazon under this Agreement
unless otherwise expressly provided by Amazon.
Quando você compra um livro impresso, pode fazer o que quiser com ele: queimá-lo, fazer anotações nas páginas, emprestá-lo (para, talvez, não vê-lo nunca mais), dá-lo para outra pessoa, abandoná-lo num local público, vendê-lo, enfim.
Quando você compra um livro, mesmo num formato digital, como um pdf, você apesar de ter mais restrições, tanto físicas quanto legais, também pode copiá-lo para outro dispositivo, ler no computador, num smartphone ou num ereader dedicado, "emprestar" para alguém, ou mesmo arriscar seu traseiro gordo deixando ele num torrent da vida. Se você nunca comprou um pdf, eles costumam vir com "marcas d'água" digitais que contém informações sobre os compradores. Ok, há um pouco mais de controle e tal, mas as possibilidades ainda são muitas.
Quando você compra um livro para o Kindle, deveria, segundo os termos do License Agreement, ter o direito de manter uma cópia para seu uso pessoal. Mas ficou claro que a Amazon pode, sem seu consentimento e, pior, sem seu conhecimento, apagar qualquer coisa que você tenha colocado dentro do seu hardware.
No artigo do NY Times, citam o caso de um moleque que estava lendo o livro para fazer 1984 para fazer exames para a escola e, além do exemplar em si, perdeu todas as notas que tinha feito. Ou seja, a Amazon, por mais que estivesse calcada em imbróglios legais, lesou seus usuários, e isso vai pegar muito mal.
Por mais que eles prometam que isso não se repetirá novamente, ainda sim, fiquei com os dois pés atrás.
Estou cansado para ficar elucubrando sobre isso (são quase duas da matina, véi!), mas esse assunto ainda vai dar pano pra manga.
Por essas e por outras, tenho preferido aparelhos como o Cool-Er, que lê até aquele pdfão fuleiro com scans de fotocópias de manuais impressos em 1983.
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