Depois de testar e experimentar duzentos mil softwares gratuitos (ou semi-gratuitos) para formatação de roteiros, vamos às considerações sobre os dois que resistiram à prova dos nove.
O primeiro foi o SCRIPTBUDDY, do qual já falei uns posts atrás. Mas como eu sei que você não vai se dar ao trabalho de acionar a barra de rolagem, recapitulemos: o Scriptbuddy é um software web-based, ou seja, não é necessário que você instale nada em seu computador, em contrapartida, a máquina na qual cê vai trabalhar tem que estar conectada à internet.
Fuçando melhor, descobri que a festa não é tão divertida e existem duas versões, a Free e a Pro, que faz com que ele caia na categoria dos semi-gratuitos.
Os recursos do pacote Pro, que é pago, com planos trimestrais, semestrais ou anuais (o plano anual sai por 49,50 US$), são a opção para exportar o roteiro para um arquivo.pdf, o corretor gramatical (não confirmei, mas presumo que seja só para o inglês), a tela livre de anúncios, e também a inclusão automática de novos recursos que vierem a ser disponibilizados no futuro.
Mas, então dá pra fazer alguma coisa no Free?
Dá. Só não espere muito.
Como a única opção de exportação é para PDF, que só está disponível na versão Pro, a única maneira de você ter seu roteiro em mãos é imprimindo direto do site, mas aí existe o problema – levantado pelo próprio site - de que podem haver diferenças de visualização entre um navegador e outro, então há a possibilidade de que o roteiro saia ligeiramente diferente do que aparece na tela, a despeito deles afirmarem a toda hora que o software é WYSIWYG, What You See Is What You Get, algo como, “o que você vê é o que você vai ter”, referindo-se justamente ao fato de que não haverão diferenças entre o que se visualiza na tela e o que se imprime. Achou estranho? Eu também.
Não, malandrinhos, nem pensem no bom e velho ctrl+c, ctrl+v. Por quê?
Porque você vai copiar um texto gerado em html, com zilhões de botões ocultos. E se você copiar prum editor de texto mais parrudo (como o Word, o OpenOffice Writer o ou Abiword), que aguenta html, virão de brinde células e mais células, só para aumentar sua dor de cabeça. E, óbvio, sua formatação vai pras trevas.
Quanto ao software em si, bem, a interface é meio pela-saco no começo, mas você acaba se acostumando. Tem tudo o que é necessário para a escrita do roteiro, e a formatação é toda automática. Se você, por exemplo, escreve um cabeçalho com letra minúscula, quando surgir na tela, será em letra maiúscula. Contudo, você tem que criar o personagem num campo específico antes de escrever algum diálogo com ele.
Também tem o lance de não haver como mudar os itens do cabeçalho, então, cê vai sempre ter que escrever DAY ao invés de DIA, por exemplo.
Além disso, há a janelinha de anúncios, que, sei lá por que, nunca veiculou nenhum enquanto eu estava utilizando o software.
Mas, o grande problema, a meu ver, é que a interface (ou workstation, como eles chamam) é baseada em caixas de diálogo que demoooooooram para abrir e fechar caso sua conexão esteja lenta. E estou falando de conexão banda-larga. Nem imagino a velocidade disso numa conexão discada.
Pra não dizerem que tô só marretando a parada, existe a vantagem evidente de se poder acessar o trampo de qualquer lugar do mundo. Mas não sei se existe a opção de compartilhamento de arquivo. Acho que não.
A conclusão é que, a menos que você queira pagar os quase 50 dólares de assinatura, não passa de uma curiosidade interessante.
(mesmo pagando, acho que não passa disso).
No outro canto do ringue, temos o CELTX, esse sim filha-da-puta de bom.
Pra começar, é totalmente free. E opensource. E é disponibilizado também em português.
O Celtx funciona da maneira clássica: você baixa o programa e instala na sua máquina.
A interface é bem intuitiva, e, como disse um membro de uma comunidade no orkut, “quando você acha que é aquilo, é aquilo mesmo”.
O programa conta com dois editores de texto: um principal, específico para roteiros, com todas as opções de formatação, e outro, para textos planos. O editor de textos planos já é bem interessante, porque possui alguns recursos que lhe tirariam da categoria básico.
Além disso, existem ferramentas para a descrição de personagens, cenas, figurino, objeto de cena, locações, etc.
Uma vez que a interface é baseada em guias, fica muito fácil administrar toda essa informação, sendo que é possível ter vários documentos abertos ao mesmo tempo, na mesma janela.
Na janela principal também existe um pequeno navegador, onde, além de se poder manipular todos os arquivos gerados dentro do programa, também é possível criar hiperlinks para sites ou arquivos dentro do computador.
O programa foi criado como um software para pré-produção, então conta com outros recursos, como a elaboração de cronogramas.
Existem opções de importação e exportação. Para importar, por enquanto, só arquivos em .txt. A opção de exportação já é um pouco mais generosa, e o roteiro pode ser convertido para .txt, .html ou .pdf.
Uma curiosidade – e o grande defeito do Celtx, a meu ver – é que a exportação para .pdf é do tipo server-side. O arquivo é enviado ao servidor do Celtx, é convertido lá e então devolvido. Isso gerou uma certa polêmica no fórum oficial, por conta da nóia de algumas pessoas com supostas brechas no procedimento que comprometeriam a privacidade da operação.
Eu também acho que é uma bunda-molice, mas por outro motivo: nem sempre existe uma conexão disponível. De qualquer maneira, deve haver motivos técnicos, e se você é paranóico o bastante para achar que seu roteiro vai ser roubado, existem opções para driblar isso. Exporta-se para .txt ou .html e converte-se para pdf com o auxílio de outro software qualquer, offline. Na verdade, você vai ter que dar uma corrigida aqui e ali. Mas nada que vá consumir muito tempo.
E é possível exportar somente documentos criados no editor de roteiros. Mas, no caso de algum documento gerado no editor de textos planos, um copiar/colar funciona muito bem.
Também há um modo de colaboração online. Mas tem que fazer o upload do projeto pro servidor dos caras.
Concluindo: como disse antes, o único defeito, a meu ver, é a conversão para pdf. De resto, tá de muitíssimo bom tamanho.
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