Márcio Massula Jr.
Waleska estava lhe parecendo diferente. Seus fartos seios – o único detalhe, na opinião de Francisco, digno de nota - pareciam ainda maiores, mais vistosos. Ele não pôde evitar o olhar faminto que deu para o generoso decote da recepcionista, que deve ter percebido o interesse do colega, já que estava vermelha como um tomate ao cumprimentá-lo. Francisco acabou se debruçando sobre a mesa dela. Ela, ainda mais sem jeito, tratou logo de entabular conversa.
- Nossa, Francisco, você está....
- Já sei, já sei. Com uma cara...
- Também. Mas tá...cinza?
Francisco engoliu em seco e tratou logo de pensar numa resposta convincente, de preferência que o convencesse também.
- É. Eu acho que foi alguma coisa que eu comi ontem.
- E a reunião, como foi?
- Nem me fala. Acho que minha carreira aqui acabou hoje.
- Nossa!
- Pois é. Acho que estou passando pelo meu inferno astral.
- Credo, Francisco! Não fala assim! Isso é coisa séria. Atrai maus fluídos.
- Taí! Ei, Waleska, você vai nuns centros espíritas ou algo assim, né?
- Não é bem centro espírita...
- Mas é algo assim, né?
- Mais ou menos.
- Dá pra me levar lá?
- Por quê?
- Não sei. Acho que quero tentar entender o que tá acontecendo comigo.
- Você está falando sério, Francisco?
- Tô, ué!
- Está bem. Eu te levo. Mas promete que não vai contar pra ninguém? É que é uma coisa muito
particular.
Francisco ergueu a mão esquerda, mostrando a palma para Waleska e forçou o melhor sorriso que conseguiu.
- Palavra de escoteiro!
- Promete que não vai rir nem ficar me gozando?
- Pô Wal, por que essa preocupação toda?
- É que pode parecer meio esquisito assim, da primeira vez.
- Mais do que minha vida anda ultimamente? Pode ter certeza que não.
- Se você quebrar sua palavra eu nunca mais falo com você.
- Pode deixar.
- E suas chances de me comer vão por água abaixo.
- Hã! Que cê falou?
- Eu??? Nada.
- Achei que tivesse ouvido alguma coisa.
- Eu devo ter pensado alto.
- Ah, tá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário