(A.S.: Sei que tá faltando acentuaçao. Teclado e micro espanhóis, lembrem-se.)
Até onde me compete, por motivo nenhum.
Mas vamos lá: talvez eu lhe convença. Talvez não.
O primeiro motivo, evidentemente, é o preço. Existe hoje em dia (pelo menos uma em cada grande cidade) algo que um fa de quadrinhos sequer imaginaria no fim da década de 80 e começo da de 90: as tais Comic Shops. A abertura dessa instituiçao, única (mas não exclusivamente) devotada a encher as mochilas da molecada com tudo quanto é tipo de quadrinho abriu precedentes para que uma nova mentalidade se formasse nos ditos editores brasileiros e surgissem títulos segmentados, com tiragens pequenas.
O problema surgido: o preço. Ficou muito alto. Aí entram as multinacionais, que publicam gibis a preços mais camaradas. O único detalhe é que, em sua maioria, esses gibis são uma porcaria. De qualquer maneira, se você é como eu, vai comprar o que suas parcas economias permitem, independente da qualidade.
É a velha história do cara que, mesmo sabendo, prefere(?) cheirar uma carreira de pó desdobrado com farinha do que ficar sem dar um tapinha.
Mas vamos manter um pouco de dignidade aqui, certo?
Se já nos rebaixamos a comprar revistas pelo preço, e não pela qualidade (embora algumas das sub-citadas tenham, e muita, qualidade), acho que seria justo fazer pelo menos uma triagem. Voltamos a isso mais tarde.
O segundo motivo é de ordem geográfica-motivacional. Mesmo numa megalópole como São Paulo, não existem tantas comic shops assim. Se você mora em Santo André entao, fudeu.
A questao é: você realmente vai querer sair de casa, andar igual cachorro sem dono, passar raiva (seja atrás do volante, seja no banco do metrô) só pra comprar uns quadrinhos? Se a resposta é não, sabemos que a única soluçao é a boa e velha banca de jornais, que não recebe nem um décimo do que é publicado todos os meses. Mas não tem problema. A palavra de ordem aqui é a lei do menor esforço, certo?
Só existem quatro editoras que marcam presa constante nas bancas do país: Panini, Mythos, Talisma e Conrad.
Gente, quando eu falo banca, não me refiro àquelas livrarias compactas que existem no centro da cidade, nem as que estao dentro dos shoppings. E tenho dito.
A Mythos, além de publicar tudo quanto é refugo dos quadrinhos americanos, também mantém uma série de hqs interessantes: as italianas da Bonelli Comics.
De todas, destaco uma que vale os sei-lá-quantos-reais que custa: Mágico Vento. Nunca fui (e nem sou) muito chegado em faroeste, mas ao lado de Ken Parker, que merece os créditos por fazer com que eu desse mais atençao aos gênero, existe essa Mágico Vento. Talvez o grande trunfo das duas seja que elas não se limitem ao bang-bang farofa, inserindo elementos totalmente estranhos ao gênero (paranormalidade e metalinguagem, em Ken Parker) ou alguns com os quais já flertavam como o terror, caso da série Mágico Vento (e também da série Jonah Hex, nas maos de Lansdale. Essa revista não é da Bonelli). Existem mais duas revistas que me agradam, Dylan Dog e Martin Mystére. Mas temos que escolher, certo? Entao fica Mágico Vento.
A especialidade da Conrad (nas bancas) são os mangás editados no sentido normal (dos japoneses) de leitura, ou seja revistas que você tem que começar a ler pelo final. Isso, por si só já me manteria afastado, mas tentei vencer o preconceito e acabei descobrindo coisas que me interessaram. De todas, eu gostava da Evangelion, que vai ser publicada homeopaticamente, já que a série nacional alcançou a japonesa, que ainda não acabou. Tinha também o Vagabond, que traz uma arte belíssima, mas que me desestimulou por cair no velho clichê da luta-homérica-que-dura-10-ediçoes. Dizem que a tal Blade é muito boa, mas não tive oportunidade de conferir.
Tente esquecer a linha de maravilhosos livros de HQ que eles editam. Você não acha isso em banca.
Agora temos a Talisma, outrora Trama, que publica a DRAGAO BRASIL. Sua linha de quadrinhos inclui a republicaçao de coisas que eles já lançaram, os mezzo-mangás Holy Avenger e atualmente, Victory. Li as duas (com exceçao das três últimas ediçoes de Holy Avenger). Ambas cumprem muito bem o papel a que se propuseram: entretenimento, e só. Se puder, e quiser, dê uma conferida. Só não espere muito.
E por último, a toda poderosa Panini, que chegou na surdina e assumiu todos os principais títulos de super-heróis editados no Brasil, deixando as migalhas e a linha Vertigo (que não é migalha. Mas que você não acha em banca) nas maos de outras editoras.
Do seu catálogo atual, podemos destacar MARVEL MAX, revista mix que reúne os títulos publicados pelo selo adulto da editora. Não se deixe enganar. A Vertigo vai muito mais longe (e realmente justifica as advertências SUGERIDO PARA LEITORES MADUROS que normalmente vem estampadas em suas capas) enquanto a MAX apenas brinca com variaçoes adultas dos seus heróis e do seu universo. De qualquer maneira, saem bons títulos, e a versao nacional, que traz três histórias por mês, publica dois deles, PODER SUPREMO e ALIAS. O staff da revista normalmente é complementado por miniséries e a atual, MESTRE DO KUNG-FU, não vale nem um fósforo queimado.
Temos também a revista do HULK, que está com os competentes roteiros de Bruce Jones. Contudo o verdao divide espaço com o insosso QUARTETO FANTÁSTICO e o também mais ou menos CAPITAO MARVEL. Por enquanto, duas histórias do Hulk, entao vale a pena. Se você gosta do Hulk, claro.
Temos também a revista do DEMOLIDOR, que traz ainda as aventuras do JUSTICEIRO, escritas pelo porra-loca Garth Ennis (aqui em boa forma) e o peso morto da ELEKTRA, que não faz mal a ninguém, agora que não está sob a batuta de um dos maiores picaretas da indústria dos quadrinhos: Greg Rucka.
Existem ainda as revistas que trazem títulos interessantes, mas que talvez não valham a pena. Falo de X-MEN, que traz mensalmente as histórias dos NOVOS X-MEN, escritas por ninguém mais ninguém menos do que Grant Morrison. A revista X-MEN EXTRA, que tem em seu interior as aventuras X-TÁTÍCOS, escritos pelo igualmente maluco Peter Milligan e desenhados pelo não menos perturbado Mike Allred. Existe ainda MARVEL MILENIUM, que traz, ocasionalmente, as aventuras dos SUPREMOS, uma nova versao dos VINGADORES. O problema dessas três revistas é que esses materiais são as únicas coisas que se salvam, entao pode não ser vantajoso adquirir 78 páginas de lixo por causa de 22 de boa qualidade. Mas aí é problema seu, só estou dando a dica.
Por último, a grata surpresa do mangá ÉDEN. Nihilista até o osso, hiperviolento, ciborgues, robôs e tudo quanto é tipo de máquina maluca em profusao. E, o melhor de tudo, editado no sentido ocidental de leitura. Vale os reais.
Agora, se você não quer gastar nenhum centavo com HQ, recomendo que visite o site da NONA ARTE. Lá tem um monte de coisa boa, e de GRÁTIS.
Agora acabou. Pode ir embora.
Gastei.
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