Eu não gosto do WhatsApp. Nunca gostei.
Mas uso. E uso bastante. Assim como boa parte da população brasileira.
E dia desses, pensando sobre uma das coisas que mais gosto (histórias em quadrinhos), me ocorreu a possibilidade de serializar quadrinhos no WhatsApp.
Como?
Não sei. Mas tenho algumas ideias.
A principal inspiração? Os memes.
Cada "página" seria basicamente, uma imagem vertical, com uma ou duas caixas de texto.
Tipo isso
(que não é bem vertical, mas acho que você entendeu)
Ou isso
Poderiam ser até usados balões de fala*.
A ideia é que não fosse necessário que o leitor desse zoom nem precisasse virar a tela do celular**.
Além da ilustração e do texto, cada painel traria outras informações relevantes.
No topo do painel, uma faixa com o título da hq. Na parte inferior, outra faixa contendo os nomes (ou sobrenomes) dos autores, e algum tipo de indicação sequencial, como 1 de 60, por exemplo. Afinal essas hqs seriam divididas somente em painéis, não em páginas.
O canal de distribuição oficial provavelmente seria um grupo no WhatsApp. Mas como os grupos de WhatsApp tem uma limitação de permitir no máximo 256 membros, o sucesso (ou não) dessas hqs se daria basicamente através dos compartilhamentos que as pessoas fossem fazendo.
Ainda dentro da plataforma WhatsApp, existem outras maneiras de se distribuir essas hqs, seja através de listas de transmissão, seja através dos status (aliás, hqs efêmeras distribuídas via status do WhatsApp. Hmmm...).
Mas, de novo, esses outros meios também tem limitações, então, mais uma vez, a história teria que de, alguma maneira, viralizar.
Imagino ainda as páginas vazando para outras redes/apps associados, como o Facebook (que, aliás, nos deu o Doutrinador), o Instagram ou mesmo o Telegram.
Quadrinhos distribuídos à conta-gotas não são exatamente novidades. Estão aí desde as tiras de jornal do início do século XX. Eu também poderia citar diversos exemplos disponíveis na internet.
Mas o ethos do WhatsApp (e de outros instant messengers) é diferente do ethos do Facebook, ou da internet, de modo geral, e acho que atomizar as histórias em quadrinhos e distribuí-las através desses canais poderia criar possibilidades interessantes.
No caso de hqs seriadas, por exemplo, boa parte do público provavelmente iria receber os painéis fora de ordem (alguém aí falou Pássaros Artificiais?). Ou nem receberia todos. Ou alguns autores sacanas poderiam simplesmente publicar fora de ordem. Pular números. Ou ignorar a numeração.
Enfim, possibilidades.
Comecei a escrever um pequeno roteiro, tendo isso em mente. Se chama Fake News (contexto, lembrem-se). É estranho escrever um roteiro sem considerar um dos pilares da estrutura das hqs, a página. Sei lá quando vai ficar pronto, e muito menos se conseguirei um herói/heroína para abraçar a causa e ilustrar a história. Mas é um passo de cada vez.
E, claro, gostaria de ver outras pessoas tentando experiências parecidas.
Quem sabe?
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* Infelizmente não encontrei nenhuma imagem de um tubarão "pisando em uma peça de Lego", com balões de fala.
** Embora ache isso meio difícil, devido às variações dos tamanhos e das resoluções das telas dos dispositivos recentes.
É uma experiência interessante. Mas para histórias longas e seriadas, como as que eu faço, acho que o WhatsApp não funcionaria tão bem como fonte de publicação. Para isso, a redes sociais convencionais como o twitter, o facebook e o instagram acho que seriam melhores, que é que venho tentando.
ResponderExcluirVerdade, Cadu. Para narrativas mais longas, seriadas, talvez não funcione tão bem, porque as pessoas podem se perder no meio do processo.
ExcluirVocê chegou a ver Finality, do Warren Ellis. Ele está experimentando num formato parecido (scroll vertical), e funciona muito bem em telas de celular.
Cheguei a ler apenas o primeiro capítulo de Finality. Uma que estou lendo agora no webtoons e tem me servido bastante de referência pra novas HQs do Homem-Grilo & Sideralman é The Red Hook.
ResponderExcluirEssa eu não li. Vou procurar depois. Agradeço a dica.
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