Tempos atrás, enquanto encomendava alguns livros na Amazon, acabei me deparando com o Alan Moore's Writing for Comics, publicado pela Avatar Press.
O livro, uma coleção de insights do Maconheiro Mágicko de Northampton, nada mais é do que uma republicação do já mítico ensaio escrito por ele para a revista britânica Fantasy Advertise, na década de 80. É moleza encontrar esse texto internet afora, inclusive em bom português.
Já tinha lido esse ensaio diversas vezes, tanto no original quanto as versões traduzidas (além da que indiquei acima, chegou a rolar outra tradução - não concluída - na rede). De qualquer maneira, achei que seria legal ter esse material impresso. O preço, pouco menos de 6 dólares, não seria nenhum impedimento.
É um livro fininho - 48 páginas no miolo. Ainda não entendo porque a Avatar insiste em dizer que aquilo é uma graphic novel, mas, enfim. Outra coisa que me chamou a atenção foi um VOLUME ONE na capa. Até onde me lembro, o ensaio está lá, completinho. O que leva a crer que no mínimo a AVATAR tentou convencê-lo a escrever um novo ensaio para ser um, ahem!, ALAN MOORE'S WRITING FOR COMICS - VOLUME TWO. Mas acho pouco provável, e daqui a pouco, você vai saber porquê.
Como disse, o livro se limitaria a ser uma versão impressa do famoso ensaio que Moore escreveu alguns anos atrás, não fosse um capítulo extra de 5 páginas, chamado, vejam só vocês, AFTERWORDS (epílogo).
Nele, escrito especialmente para essa edição, o velho Moore simplesmente destrói tudo o que tinha dito nas 43 páginas anteriores. Ele fala sobre algumas das armadilhas que costumam pegar escritores neófitos ou simplesmente ineptos, e uma delas se chama "estilo" (alguém aí disse Garth Ennis?)
O "estilo" é, como Moore coloca ironicamente, uma coleção de cacoetes de alguns escritores que, por motivos diversos, acabam se tornando populares entre os leitores. E o autor, por sua vez, acaba por utilizá-los como muletas criativas. O Estilo, segundo Moore, é a antítese da criatividade. E se não há criatividade, não há razão (pelo menos moral) para se escrever.
Sim, eu sei. Mr. Moore também tem seus cacoetes e seu telhado de vidro. Mas acredito que entendi onde ele quis chegar.
O último parágrafo do texto (numa tradução muito livre):
Okay, é isso. Basicamente, a mensagem é "Ignore tudo o que eu disse na seção anterior do livro. Eu era jovem, confuso, e não estava nem perto de ser velho ou louco o bastante". Esteja avisado que eu provavelmente escreverei um adendo a este ensaio, por volta de 2020, que dirá exatamente as mesmas coisas a respeito dos conselhos que estou lhe dando agora.Recomendo, atesto e dou fé.
Até lá, você está por sua própria conta parceiro.
Já faz um bom tempo que li esse livro do Moore e sempre rio quando lembro desse conselho final dele :)
ResponderExcluirE tem gente que diz que ele não tem senso de humor... :)
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