sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

BANG BANG, A CAIXA DE AREIA e HATTER M 1

BANG BANG

Grata surpresa este álbum binacional, lançado primeiro nos states pra só depois dar as caras aqui. Já se falou muito dele pela rede, então vamos deixar de rodeios.

Como toda coletânea, a qualidade é heterogênea, mas o resultado final é mais do que satisfatório, principalmente no quesito arte. A distribuiçao das histórias está harmônica, com as quatro hqs grandes intercaladas pelas seis menores.

Das grandes, gostei muito de RIO ABAIXO, com roteiro de Ricardo Giassetti e arte de Fábio Cobiaco, e principalmente de UMA NOVA LIBERDADE, com texto Jeremy Nilsen e arte de Jefferson Costa, protagonizado pelo famoso escapista Harry Houdini. Muito legal.

Das menores, A PEIXARIA DA FAMÍLIA LAO, de Rafael Grampá é simplesmente fantástica, 4 páginas numa narrativa silenciosa com um traço belíssimo, que lembra muito - mas não emula - Geoff Darrow.

A CAIXA DE AREIA

Árido como o deserto habitado por Carlton e Kleiton. Só posso dizer isso da mais nova hq de Lourenço Mutarelli. Interessante é que todas as resenhas que li até então davam a impressão que o autor tava numa fase mais light, e uma página que vi na rede - a 19, para se mais exato – me convenceu mesmo dessa balela. Tudo mentirinha. Mutarelli, aqui, abandonou (ou apenas deixou de lado) as gorezices com as quais costumava povoar suas hqs, mas não perdeu a mão quando o assunto é causar aquele desconforto, aquele friozinho na barriga ao final da leitura, algo que domina tão bem. Mas a função da arte, ou Arte, ou ARTE, ou, whatever, é despertar emoções, não é mesmo?

Gostei do formato escolhido, gostei da história, gostei do traço e do acabamento interior, mas a devir continua ca#$%do no p#* no que diz respeito às capas. Não, não é da ilustração que tô falando, mas da qualidade gráfica mesmo. Porra, nem uma orelhinha!

HATTER M 1

Essa é uma daquelas compras circunstanciais que você acaba adorando ter feito. Comprei simplesmente por que tinha dinheiro na ocasião, e por causa da arte de Ben Templesmith. Se não tivesse a grana na hora, certamente não teria voltado para pegá-la quando os caraminguás surgissem.

Pelo que entendi, essa hq é uma espécie de interlúdio da série de livros THE LOOKING GLASS WARS. A premissa é pra lá de interessante: Hatter Madigan, o Hatter M. do título (um trocadilho óbvio com Mad Hatter, Chapeleiro Louco) é um garda-costas real, cuja missão era proteger a princesa Alyss, do País das Maravilhas, que agora está perdida em nosso mundo. Sim, é uma distorção da obra de Lewis Carrol, que também entra na jogada, através da Lewiss Carrol Society, grupo que sabe da existência do País das Maravilhas, mas quer a todo custo esconder o segredo da humanidade, através da, tá-dá!, ficção.

A história da hq começa com Hatter Madigan chegando em nosso mundo, à procura da princesa. O cara é um tipo de super-espadachim, que faz lâminas brotarem de todas as aberturas de seu casaco, cuja principal arma é o chapéu semi-sensciente, que se transforma em uma lâmina-bumerangue-com-cara-de-molusco bem esquisita. Além disso, pode ver o “creative glow” das pessoas e dos objetos, ou seja, coisas ou pessoas criativas são como faróis para ele. Hilária a parte onde um jovem Júlio Verne é confundido por ele com Leonardo da Vinci. A propósito, tudo se passa na Paris de 1859. Mas não se engane, em “nosso” mundo, mágos picaretas podem despertar zumbis antropófagos e coisas do tipo.

O roteiro é de Liz Cavalier e Frank Bedor, autor dos livros originais. E a arte, fodassa, é do Ben Templesmith. A edição tá muito bonita, tendo direito, inclusive, a excertos fictícios (um em francês!) de jornais da época.

Aqui tem uma entrevista com Frank Bedor.

E aqui, um preview da edição 2.

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