Sempre tive uma impressão estranha em relação ao fumetto Martin Mystère. Por mais que eu ache a premissa interessante e por mais que eu admire Alfredo Castelli pelo trabalho hercúleo de pesquisa, o fato é que essa hq nunca me desceu pela goela. E dia desses, lendo uma história do personagem, descobri por quê.
São as explicações. Os preâmbulos.
Como todo bom personagem bonelliano, Mystère é bem construído, tem um background sólido e tal, mas suas histórias sempre começam com pequenos documentários pra situar o leitor, que são simplesmente de foder. O pior é que Castelli não faz isso gratuita ou inadvertidamente. Outra marca registrada dos roteiristas italianos (ao contrário da grande maioria dos seus colegas americanos) é a integração habilidosa de recursos narrativos normalmente pífios à história, agregando tudo de maneira quase imperceptível ao leitor. Castelli sempre arruma um jeito de justificar aquelas longas introduções. A que mais gostei foi uma onde a tal introdução era realmente um documentário (já que uma das muitas atribuições do Detetive do Impossível é a apresentação de um programa de TV, se não me falha a memória), mas Castelli peca pelo excesso, e acaba atirando no próprio pé ao tentar levar nossa “suspensão voluntária de descrença” ao limite.
De qualquer maneira, ler uma de vez em quando não vai fazer mal algum.
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