Falar mal da sociedade contemporânea é chutar cachorro morto.
Mas tem gente que chuta com classe.
Nesse caso, de trivela.
Chuck Palahniuk, autor do célebre CLUBE DA LUTA e do insólito (não confundam com insípido) CANTIGA DE NINAR, (nem tão) recém lançado por aqui, brindou o mundo, ou melhor, o Brasil – o original é de 99 - no ano passado com mais esse compêndio de coisas bisonhas e divertidas. A prosa do homem é arejada, rápida, ríspida e mesmo assim seus parágrafos minúsculos conseguem trazer mais informação, - e, o mais importante, emoção – do que páginas e mais páginas escritas por uns e outros que estão por aí. Tender Branson, nosso herói, se mete em milhares de enrascadas para, no fim da história, que é o começo do livro, acabar se confessando para a caixa preta de um avião seqüestrado pelo próprio. Mais uma vez as páginas transbordam milhares de informações obscuras. Se em CLUBE DA LUTA, Tyler Durden dá aulas de terrorismo soft enquanto sua contraparte é obcecada por mobília de luxo e em CANTIGA DE NINAR Carl Streator manifestava sua raiva do mundo cunhando neologismos antonímicos enquanto Ostra despejava seu discurso eco-radical, aqui temos um personagem que conhece todas as filigranas de uma arrumação bem feita. Quer saber como tirar manchas de sangue de um colchão ou de um sofá? Pergunte pra ele. Quer saber como preparar vitelas empanadas enquanto se finge de atendente do CVV e manda pessoas a procura de um ouvido amigo se matarem? Pergunte pra ele. Quer saber como roubar flores falsas de túmulos e prepara-las para que fiquem convincentes o bastante a ponto de enganar seus patrões que só vêem o jardim de longe? Pergunte pra ele.
E nem vou contar que isso são só as vinte primeiras páginas do livro.
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