segunda-feira, 9 de maio de 2011

GAIMAN

Sempre tive a impressão de que Gaiman era mais escritor do que um roteirista propriamente dito.

Sei da sua importância para os quadrinhos, e isso não entra na discussão. E curto muito o trabalho do Gaiman escritor. Mesmo.

Contudo, às vezes, me parecia que ele não pensava nos quadrinhos da mesma forma que alguns de seus compatriotas da chamada invasão inglesa.

Me parecia que ele não pensava nos quadrinhos como uma forma distinta, e sim como, sei lá, um subproduto da literatura.

Quando falamos em Sandman, quais nomes lhe vêm à cabeça? Sim, Gaiman. Dependendo do seu gosto, pode ser que Dave MacKean venha no pacote. Mas alguém aí se lembra de Sam Kieth, Mike Dringenberg, Malcolm Jones III, Kelley Jones, Jill Thompson, Marc Hempel, Michael Zulli e Charles Vess (sim, roubei essa lista na Wikipedia) e sei lá mais quantos desenhistas passaram pelas páginas do título? Ok, você não se lembra. E algum amigo seu, se lembra? Tem algum momento memorável pra comentar? Não, né?

Ok, você pode me dizer que Gaiman e MacKean forams as únicas constantes no título. Cê tem razão, em parte.

Mas o ponto onde quero chegar é que, no caso de Sandman (e em outros títulos que serviram de embrião para a Vertigo), a arte servia de "escada" para o texto, que, em muitos trechos, se sustentava sozinho. E numa história em quadrinhos, isso tá muito errado.

Enfim, esse preâmbulo todo é para dizer que, relendo o primeiro roteiro o título Miracleman (sobre o qual falei já aqui), fiquei surpreso com um Gaiman preocupado - às vezes até demais - com a Página, e não apenas com o texto.

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