sexta-feira, 17 de junho de 2011

STORYTOUCH: SOFTWARE BRASILEIRO PARA CRIAÇÃO DE ROTEIROS

Foi com certa surpresa que tomei conhecimento do StoryTouch, um software para dramaturgia criado pelo diretor Paulo Morelli e desenvolvido no Brasil. Fora alguns templates do Word para formatação de roteiros, não me lembro de iniciativa parecida.

O StoryTouch é comercializado em quatro versões: Básico, Analista, Escritor e Top, cujos preços vão do gratuito mediante cadastro (Básico) até 450,00 R$ (Top). Evidentemente, quanto mais cara a versão, de mais recursos ela dispõe. Aqui há uma tabela comparando todas as versões.

Baixei o Básico, instalei em uma máquina virtual (Windows 7 Ultimate, 32 bits, Java 6 Update 25), importei um roteiro meu de aproximadamente 90 páginas e comecei a brincar com o bichinho. Ainda é cedo para dar meu parecer final (como se isso importasse...), entretanto, seguem abaixo minhas primeiras impressões. Notem que elas são baseadas na versão básica do programa, então posso estar perdendo alguma coisa. Notem também que meus testes foram feitos em cima de um roteiro que já está pronto. Ainda não criei nada no software.

Aparentemente, além do formato próprio - o .stx - o software só trabalha com arquivos .txt. Não que isso seja demérito, muito pelo contrário (cê já leu a epígrafe desse blog?). Mas, acho que seria apropriado o opção de se exportar o roteiro no formato .pdf, que - pelo menos por enquanto - é a melhor opção quanto o assunto é a distribuição de documentos com formatação pesada. É possível contornar isso através de programas que "imprimem" os documentos em .pdf, mas acredito que nesse ponto muita gente vá se atrapalhar. Uma solução nativa talvez fosse mais adequada.

Durante a importação do meu roteiro - um arquivo .txt gerado pelo Celtx - houve um pequeno problema: o StoryTouch não reconheceu a codificação UTF-8 do arquivo. Por causa disso, os caracteres acentuados foram substituídos por outros. Para resolver, tive que alterar a codificação do arquivo .txt para ISO-8859-2, que é o padrão do Windows e reimportar o roteiro.

Particularmente, achei a interface padrão meio poluída, e acredito que num primeiro momento os painéis laterais vão mais atrapalhar do que ajudar. Até acho interessante determinados tipos de estatísticas, como a proporção entre diálogo e ação no texto, a quantidade de cenas diurnas e noturnas e a quantidade de diálogos de cada personagem. Mas meu interesse para por aí. De qualquer maneira, pode ser que esse amontoado de informações na tela sejam mais interessantes a um profissional do que a um diletante, como eu.

Um aparte: por mais paradoxal que possa parecer, o esquema me lembrou um outro software que me deixou muitas saudades, o finado Sophocles.

O StoryTouch é mais do que um formatador de roteiros, mas por enquanto, me concentrei no Editor. Gostei do que vi. O editor é fluído, tem o autocompletar de praxe e trabalha bem com o lendário combo TAB + ENTER.

No pouco tempo que utilizei o programa, houve três crashes. O primeiro foi quanto tentei imprimir um .pdf, através do PDFRedirect. Pode ser que o PDFRedirect tenha seu quinhão de culpa nisso, mas ele funciona bem com todos os outros programas que tenho instalados nessa MV.

O segundo foi quando tentei colorir uma palavra aleatória no texto. Nesse caso, fechei o arquivo, reabri, colori o texto e o programa funcionou normalmente. Fiz o teste em outro arquivo e tudo funcionou normalmente.

E o terceiro foi quando tentei inserir uma cena logo no início do arquivo. Até apareceu um relatório de erro, mas eu tentei enviá-lo e não consegui.



Bugs existem em qualquer programa, e o software foi lançado essa semana, então acredito que as correções devem vir na sequência do feedback dos usuários.

Do ponto de vista técnico, achei que algumas das escolhas que a equipe de desenvolvimento do StoryTouch fez foram muito felizes.

A primeira é em relação ao formato deles, o .stx. O arquivo nada mais é do que um .xml renomeado. Isso significa que é possível extrair as informações do arquivo mesmo sem o StoryTouch. Sim, daria um certo  trabalho manual, mas é bom saber que essa opção existe.

Além disso, o programa foi escrito em Java. Embora esse não seja o meu runtime favorito, ele é bem disseminado e consolidado nas três principais plataformas desktop (e, guardadas as devidas proporções, em algumas plataformas mobile), e isso vai facilitar o trabalho de portar o programa para outras plataformas, caso surja a necessidade no futuro.

Presumo, pelo site e por alguns elementos da interface, que o software também estará sendo disponibilizado em inglês.

Noves fora, é sempre bom ver que tem gente interessado no aspecto braçal/técnico da escrita, e mesmo que eu não esteja escrevendo muita ficção ultimamente, vou acompanhar de perto o desenvolvimento dessa ferramenta.

Parabéns ao Paulo e sua equipe.



O site, muito bem organizado por sinal, tem mais um porrilhão de vídeo-tutoriais, um manual e dois arquivos de exemplo. Informação é o que não falta.

http://www.storytouch.com.br

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