terça-feira, 9 de março de 2010

PALM FOLEO, RELOADED?

Alguém aí se lembra do Palm Foleo?

Era um dispositivo que se conectaria aos Treos (ou quaisquer outros smartphones da Palm), possibilitando que o usuário pudesse operar seu smartphone de maneira mais produtiva, visto que teria uma tela maior e um teclado de verdade.

Se o produto final não agradava, a IDÉIA era muito boa. Poucos meses antes, eu tinha adquirido um E62, e entendia na pele que, por melhor que fosse a interface de um smartphone, com ou sem touchscreen, um tecladão e um monitor ocasionais fariam milagres. E um post no blog do Charlie Stross só aguçou minha curiosidade.

Contudo, o mundo pareceu discordar de nós dois e dos poucos gatos pingados que resolveram dar algum crédito ao conceito. O Foleo era caro, a empresa foi duramente criticada e finalmente, quatro meses após seu anúncio, o produto foi cancelado, sem ao menos ter sido lançado oficialmente.

Poucos meses depois, vieram os netbooks. Sacaram?

Sim, mesmo o mais modesto netbook tinha especificações bem mais generosas que o Foleo, e além de tudo, eles funcionavam sozinhos. Já o Foleo precisava, necessariamente, de um Treo.

Contudo, a intenção era a mesma: reduzir o espectro de atuação de um computador ao básico, que é o que 90% dos usuários de computadores precisam.

Esse, (entre outros) erro(s) de timing da Palm lhe custou caro e a empresa, que dominou o mercado de dispositivos móveis durante muito tempo, ainda hoje tenta se recuperar do tombo.

Pois bem.

Dias atrás esbarrei nesse post, no blog do Eric S. Raymond. Resumindo a ópera, ele afirma que nunca acreditou muito que os notebooks iriam decretar o fim dos desktops. Por mais que goste do seu notebook, segundo o próprio, no dia-a-dia nada substitui o bom e velho desktop. Mas ele está "revendo seus conceitos" no que diz respeito aos smartphones. Não esses que temos hoje, mas seus descendentes.

Num exercício de especulação, ele imagina o que seria seu gadget ideal: um computador que fosse poderoso o bastante para lidar com todas as suas necessidades, mas que coubesse em seu bolso. Esse mesmo computador, quando necessário, poderia ser facilmente encaixado numa base/berço/dock/whatever que, por sua vez, estaria ligado a um conjunto de periféricos como - notem - tecladão, monitor, impressora e tal. Esse berço poderia ser tanto o da sua casa como o de uma lan house, de uma cafeteria, uma biblioteca ou qualquer outro local público.

As pessoas realmente levariam seus computadores consigo, mas de uma maneira muito mais orgânica. Hoje em dia já tem gente que consegue tirar tudo o que precisa de seus smartphones mas, para a grande maioria dos mortais, computação pessoal ainda é sinônimo de notebook. E, cá pra nós, já pode ter sido muito cool carregar nas costas um computador de dois quilos + uma mochila repleta de tralhas todo santo dia mas hoje é, no mínimo, contraproducente.

E hoje leio um artigo no Linux Journal que bate na mesma tecla que Raymond. Dando nome aos bois e me lembrando que um dia existiu o Foleo.

E aí vem o Google e diz que a computação em desktops, no sentido mais amplo da palavra, não importa mais (perdi o link).

Afirmar que "dispositivos móveis são o futuro" é chover no molhado, mas ainda quero ver o que vai sair da combinação entre Cloud Computing, netbooks/smartphones descartáveis e estações de trabalho públicas.

E agora, diretamente de 2007, deixo a palavra com Jeff Hawkins:

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