sexta-feira, 5 de maio de 2006

P(L)OST

Desenterrar post perdido e não-publicado é o fino do brega.

Mas a gente fazemos o que a gente podemos.

Era pra ter ido ao ar nos primórdios de fevereiro. Mas não foi. Mistérios...

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A julgar pelo jeito que começou, acho que o ano vai ser promissor.

Em termos de leitura, digo.

Não sei exatamente o motivo, mas já fazia tempo que eu não devorava livros com o tesão de agora. E antes que alguém pense na resposta mais óbvia “seria por que os livros que leu até então eram ruins?”, respondo que não foi isso não. Li bons livros ano passado, mas faltou aquela fisgada durante a maioria deles, entende?

BANGCOC 8 – John Burdett

Em conversa entabulada com o Vetusto recentemente, o mesmo disse que Sonchai Jitpleecheep, o detetive-budista narrador dessa história, era o herói do século 21. Tá certo o velhinho.

Eu namorava esse livro desde que foi lançado, mas só consegui colocar as mãos num exemplar meses atrás, e, pior ainda, só terminar a leitura agora.

Mas, que leitura!

O Sonchai aí de cima é um “araht”, um policial honesto num país cuja força policial faz a nossa parecer uma ong. Além disso, ele é uma espécie de homem santo. Tem o hábito de ver as encarnações pregressas dos seus interlocutores, e segue uma versão muito particular do Caminho ditado pelo Buda. E as engrenagens começam a girar quando o parceiro e irmão espiritual de Sonchai é morto numa cena de crime pra lá de bizarra. O que não poderia faltar num livro desse tipo, evidentemente.

John Burdett foi pra lista dos que devem ficar no meu campo de visão, e esse livro já tem um cantinho aqui no lado esquerdo do peito.

Agora, responda rápido e sem pensar, farang: é um thriller que parece outra coisa, ou outra coisa que parece um thriller?

NÃO HÁ NADA LÁ – Joca Reiners Terron

Como dizem por aí, “vou te falar uma coisa pra você”: do Joca Reiners Terron, eu só conhecia o blog e alguns textos esparsos em revistas de arte e literatura. Mas a fama do cavalheiro já tinha chamado minha atenção, e eu também já ciscava em volta deste pequeno achado, verdadeiro quitute (ou acepipe, se você tiver um estômago delicado).

NÃO HÁ NADA LÁ é uma piração só, mas, embora a gente chege a ficar tonto com tantos Tesseractos girando, o livro é de uma gostosura ímpar, daqueles que a gente não consegue, literalmente, soltar.

O fim do mundo nunca foi tão...devastador.

Joca não faz questão de ser amistoso com eventuais folheadores: e tome numeração de páginas invertida, trechos de textos evanescendo, frases soltas no meio do livro – e no próprio texto, referências obscuras, nomes de personagens famosos (e reais!) adaptados a seu bel-prazer. Mas, se você já está preocupado com os hipotéticos percalços estilísticos e formais, pode baixar a guarda. Tudo faz muito sentido, e tem até um capítulo final pra ajudar a pôr ordem no galinheiro. Chique no úrtimo!

Faça um favor a você mesmo e encomende o seu agora.

O TESSERACTO – Alex Garland

(Ó ele aqui de novo!)

Você conhece esse cara. Ele escreveu o livro que deu origem ao filme A PRAIA (que começa lá em Bangcoc, por falar nisso), e virou parceiro de Danny Boyle depois disso (falando nisso, alguém sabe qual foi o destino de John Hodge? Pó dexá. Já sei). Fez os roteiros de EXTERMÍNIO, e de CAIU DO CÉU.

São três pequenos dramas que se cruzam nas ruas de Manila (estendendo-se pelo interior do país), e Garland foi feliz ao escolher sua locação. As Filipinas são *exóticas* o suficiente para sustentar o interesse pela leitura, e no fundo, acho que foi bem isso o que aconteceu comigo. A questão não era ler sobre piratas modernos. Era ler sobre piratas modernos filipinos. Não era ler sobre amores adolescentes proibidos ou meninos de rua que vendem seus sonhos a psicólogos. Era ler sobre amores, meninos e psicólogos filipinos.

Ah!, virou filme, cujo cartaz não inspirou muita curiosidade, diga-se.

Outra coisa: a capa é tão ridiculamente simples que me apaixonei pela bendita.


CORPO PRESENTE – João Paulo Cuenta

Na época do lançamento, houve certo oba-oba em cima desse livro. Ao que parece, J.P. Cuenca já era figurinha tarimbada na blogosfera, e, como não poderia deixar de ser, o hype foi líquido e certo. Mas na época, confesso, meu túnel de realidade apontava em outra direção e não dei muita bola.

Mas agora as coisas mudaram e redefini algumas de minhas escolhas literárias. Além disso, um exemplar a 9,90 nas Americanas pode ser convincente o bastante.

O livro é bom, sim senhor. Não arrebatou, mas provocou emoções, e esse é o moto, não é?

Além disso, Cuenca lançou mão de artifícios narrativos que achei de muito bom gosto.

Outra coisa interessante, à guisa de curiosidade se quer saber, é que ele é um dos três autores de PARATI, PARA MIM, uma coletânea surgida de uma idéia que achei bem legal.

A página do livro fica aqui.

A MINIATURA – Elisa Palatnik

Gato por lebre. Comprei achando se tratar de uma coisa e se mostrou outra, embora tenha ficado claro que a confusão foi única e exclusivamente do meu lado.

História (aqui, na Urobourolândia, é proibido falar Estória) despretensiosa sobre um nerd maníaco que no fim se mostra...bom, leia e veja o final você mesmo.

Achei que ia mais longe, só isso.

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