quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

TECNOLOGIA

Dia desses, dando uma olhada no Paper.li do Cadu Simões, acabei chegando a esta entrevista, publicada no blog do Bruno Galo que, por sua vez, é um trecho de uma matéria publicada na ISTO É Dinheiro, no longínquo dia 06 de Agosto de 2010.

Na matéria em questão, o pesquisador da IBM, Jean Paul Jacob, disse uma frase que acabou sendo utilizada como título do post do Bruno.

“O livro de papel nada mais é do que tinta sobre árvore morta. Chamar isso de tecnologia é um insulto para mim”.

Embora eu não tenha ficado insultado com a frase de Jacob - na verdade, concordo com o discurso dele, em gênero, número e grau - e também não pretenda iniciar um libelo em defesa do livro impresso por aqui (já abracei a leitura digital há certo tempo), confesso que a veemência dele me incomodou um pouco.

E a raiz disso tudo é a percepção errônea por parte de muita gente, que costuma associar tecnologia à eletrônica e algumas outras poucas áreas do conhecimento humano moderno.

Acredito que Jacob conheça muito bem essa diferença, e presumo que sua intenção foi apenas fazer uma provocação bem-humorada.

E concordo que, de tempos, alguns significados se sobreponham a outros e, numa inversão de papéis,  acabem engalfinhando para si a palavra que, entre outras coisas, lhes descrevia.

Mas tecnologia não se resume apenas a isso.

Para ficarmos em um exemplo, a primeira acepção da palavra, na versão eletrônica do dicionário Houaiss, é a que segue:

1    teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana (p.ex., indústria, ciência etc.)

E, este mesmo dicionário nos diz que a etimologia da palavra é:

gr. tekhnología,as 'tratado ou dissertação sobre uma arte, exposição das regras de uma arte', formado a partir do rad. gr.tekhno- (de tékhné 'arte, artesanato, indústria, ciência') e do rad. gr. -logía (de lógos,ou 'linguagem, proposição'); ver tecn(o)--logia; f.hist. 1783 technologia, 1858 technología

Antigamente, não havia diferença entre técnica e arte, cuja raiz grega, aliás, é - hehehe - tekhné.

Tinta sobre árvore morta é tecnologia sim.

E mesmo a ideia de combinar fonemas e/ou signos - dentro de determinadas regras - para conferir-lhes significado, pode ser considerada tecnologia.

(estou ficando velho)

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