segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ALAN MOORE'S WRITING FOR COMICS

(mais um post resgatado no limbo do GDocs. Escrevi isso há muito tempo, mas sei lá porquê, deixei de lado. Recentemente, esbarrei nesse post e me lembrei da minha própria resenha. Ei-la.)



Tempos atrás, enquanto encomendava alguns livros na Amazon, acabei me deparando com o Alan Moore's Writing for Comics, publicado pela Avatar Press.

O livro, uma coleção de insights do Maconheiro Mágicko de Northampton, nada mais é do que uma republicação do já mítico ensaio escrito por ele para a revista britânica Fantasy Advertise, na década de 80. É moleza encontrar esse texto internet afora, inclusive em bom português.

Já tinha lido esse ensaio diversas vezes, tanto no original quanto as versões traduzidas (além da que indiquei acima, chegou a rolar outra tradução - não concluída - na rede). De qualquer maneira, achei que seria legal ter esse material impresso. O preço, pouco menos de 6 dólares, não seria nenhum impedimento.

É um livro fininho - 48 páginas no miolo. Ainda não entendo porque a Avatar insiste em dizer que aquilo é uma graphic novel, mas, enfim. Outra coisa que me chamou a atenção foi um VOLUME ONE na capa. Até onde me lembro, o ensaio está lá, completinho. O que leva a crer que no mínimo a AVATAR tentou convencê-lo a escrever um novo ensaio para ser um, ahem!,  ALAN MOORE'S WRITING FOR COMICS - VOLUME TWO. Mas acho pouco provável, e daqui a pouco, você vai saber porquê.

Como disse, o livro se limitaria a ser uma versão impressa do famoso ensaio que Moore escreveu alguns anos atrás, não fosse um capítulo extra de 5 páginas, chamado, vejam só vocês, AFTERWORDS (epílogo).

Nele, escrito especialmente para essa edição, o velho Moore simplesmente destrói tudo o que tinha dito nas 43 páginas anteriores. Ele fala sobre algumas das armadilhas que costumam pegar escritores neófitos ou simplesmente ineptos, e uma delas se chama "estilo" (alguém aí disse Garth Ennis?)

O "estilo" é, como Moore coloca ironicamente, uma coleção de cacoetes de alguns escritores que, por motivos diversos, acabam se tornando populares entre os leitores. E o autor, por sua vez, acaba por utilizá-los como muletas criativas. O Estilo, segundo Moore, é a antítese da criatividade. E se não há criatividade, não há razão (pelo menos moral) para se escrever.

Sim, eu sei. Mr. Moore também tem seus cacoetes e seu telhado de vidro. Mas acredito que entendi onde ele quis chegar.

O último parágrafo do texto (numa tradução muito livre):
    Okay, é isso. Basicamente, a mensagem é "Ignore tudo o que eu disse na seção anterior do livro. Eu era jovem, confuso, e não estava nem perto de ser velho ou louco o bastante". Esteja avisado que eu provavelmente escreverei um adendo a este ensaio, por volta de 2020, que dirá exatamente as mesmas coisas a respeito dos conselhos que estou lhe dando agora.
    Até lá, você está por sua própria conta parceiro.
Recomendo, atesto e dou fé.

2 comentários:

  1. Já faz um bom tempo que li esse livro do Moore e sempre rio quando lembro desse conselho final dele :)

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  2. E tem gente que diz que ele não tem senso de humor... :)

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