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Sábado no shopping. Praça de alimentação, cerveja, amigos, mulheres (dos outros). Eu precisava urinar. Urgente.
Cheguei ao sanitário mais próximo. Abri a porta. Por breves momentos, acreditei ter errado o caminho e ter aberto, por engano, a porta do inferno. Ou pelo menos uma delas, ou sei lá, uma entrada secreta. Teve início um rápido embate entre minha mente e minha bexiga. Não ia entrar naquele lugar nem fodendo! Infelizmente, a segunda venceu e, mesmo com aquele fedor já incendiando minhas narinas, fui.
Parecia enxofre. Aquilo não poderia ter sido produzido por um ser humano, pelo menos não por um que estivesse vivo. Parei em frente ao mictório, abri o zíper e nada. Fedia tanto que eu não conseguia nem mijar! E olha que eu estava com vontade. Não vi mais ninguém lá dentro, e me senti compelido a encontrar a causa daquilo. Talvez houvesse um rato morto ali, mas teria que ser dos bem grandes. Dando início a minha investigação, já começava a me curvar quando ouvi:
- Oxigênio, oiéééééééééééé, oxigênio...
Levei um susto, confesso, e minha primeira reação foi olhar para os lados, certificando-me de que ninguém mais presenciava tal cena. Abaixei-me um pouco mais, só para ter certeza e eis que vejo, lá, por baixo da porta, aquele par de horríveis sapatos marrons. Daqueles de bico quadradão, sabe quais? Obviamente, pertenciam ao feitor da obra. As coisas começavam a se encaixar...
E ele continuava, “oxigênio, oiéééééééééééé, oxigênio...”. Só cantava aquela parte. Talvez fosse para me irritar. Ou talvez fosse um pedido de socorro do seu subconsciente. Não fiquei para descobrir. Saí do banheiro, joguei uma nota para algum dos meus chegados e fui embora. Queria mijar. Sossegado.
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