terça-feira, 23 de março de 2010

DREAM THEATER, CURITIBA, 18/03/10

Comecei a escrever esse post assim que cheguei do show, na madrugada de quinta para sexta da semana passada. Era pra ter ido ao ar na sequência, mas o cansaço me impediu de elucubrar muito, era minha semana e de folga, e esse texto acabou ficando perdido aqui no meu GDocs, até agora.

Entretanto, o impacto causado pela performance de uma das minhas bandas preferidas ainda ecoa na cabeça, então achei melhor tentar colocar para fora algumas das impressões que tive naquele dia.

Primeiro: quem gosta de Dream Theater (e de prog metal em geral), gosta de firula. Então não adianta vir me falar que as músicas são muito virtuosas ou demoradas, ou que isso e aquilo. Você estará perdendo seu tempo.

Há anos não vou a um show. Quer dizer, fui no U2, em 2006, mas o único objetivo foi proteger o patrimônio (leia-se: acompanhar a esposa). Teve o Franz Ferdinand (com a qual simpatizo mais), e tal, mas a verdade é que, nesses mega shows você tem que estar muito na vontade pra conseguir chegar perto do palco e ficar espremido no meio de um monte de gente suada. Se não for o seu caso, como não era o meu, lhe restará o telão e a aparelhagem de som.

Fora isso, o último evento roquenrou que teve a honra de contar com a minha presença foi em... deixa pra lá.

Não conhecia o Curitiba Master Hall. Além de um site que parece ter sido feito no Word 2000 (ok, tá em desenvolvimento), o local é do tamanho de um ovo. Primeira impressão ruim.

Ainda na fila para entrar no local, presenciei uma das cenas mais bizonhas em toda a minha carreira como notívago. Todo mundo que já foi num show sabe que costuma-se vender de tudo nas filas. Camisas, bebidas, cds, revistas, e até tatuagens.

Ok.

Mas arroz, feijão e farinha?!?! Foi a primeira vez, que vi isso. Sério. De qualquer maneira, tem explicação: é que a casa vende meia-entrada mesmo para quem não tem carteirinha de estudante (falsificada), desde que a pessoa leve um quilo de alimento não-perecível. Só que isso não era avisado em lugar nenhum! Nem no site acima. Eu mesmo só fiquei sabendo porque fui comprar o ingresso pessoalmente, e a moça da loja fez a gentileza de avisar. Muita gente que comprou online ou deixou pra ir lá no dia foi pega de surpresa. Já ouvi falar que isso é costume da casa, e achei a iniciativa legal. Mas, custava colocar em algum luga no site da Ticketmaster ou deles mesmo?

Saí de lá sem me lembrar exatamente da setlist do show, mas pra que serve a internet, afinal de contas?

Se você não clicou no último link, eles abriram com A NIGHTMARE TO REMEMBER, passaram pela dobradinha THE MIRROR/LIE, A RITE OF PASSAGE, SOLINHO DE TECLADO, SACRIFICED SONS, SOLITARY SHELL, IN THE NAME OF THE GOD, e fecharam com TAKE THE TIME. Depois, houve bis, com THE COUNT OF TUSCANY.

Não houve muita pirotecnia, além daquelas animações em CG que rolavam no telão, dignas da equipe que nos trouxe o Dollynho.

Mas aí é que tá: os caras não precisam disso. A música deles é tão meticulosa que você simplesmente não consegue desgrudar os olhos do palco. Às vezes, me sentia no Japão, onde, reza a lenda, o pessoal costuma ficar sentada em shows de metal. Fora um ou outro momento de empolgação - de minha parte, inclusive - não houve pula-pula, mosh, stage dive (ambos muito confundidos pela juventude transviada de hoje em dia) ou qualquer outra manifestação física por parte dos ouvintes. Todo mundo hipnotizado pelo que ocorria no palco, simples assim. Finquei os pés num canto da pista e só saí de lá quando o show terminou.

Registrei alguns vídeos na câmera de 2.000 kilopixels e zoom ótico de 0x do meu telefone esperto, mas o resultado não ficou muito legal. Talvez eu poste lá nos tubos, quando houver oportunidade.

Apesar de ser muito chegado numa tecladêra e do cara já estar há mais de 10 anos na banda, nunca tinha me dado conta do papel de Jordan Rudess. Até então, na minha cabeça, ele sempre tinha sido o "terceiro tecladista". Tecnicamente perfeiro, definitivamente integrado à banda, mas, ainda sim, o terceiro tecladista.

Mas vê-lo tocando ao vivo, duelando com seu próprio avatar, ou ainda fazendo música num Ipod Touch mudou meus conceitos. Já tinha ouvido falar de gente tocando em Ipods, Iphones e em outros dispositivos touchscreen, mas nunca tinha visto um músico de verdade fazendo aquilo.

Evidentemente, não dá pra esquecer dos outros. LaBrie, cuja voz, ao contrário de muitos outros vocalistas do gênero, funciona perfeita no palco. Portnoy, que às vezes se empolga e mói a batera de pé mesmo. Petrucci, cujas mãos são mais rápidas que os olhos. E Myung, que mesmo com o baixo, - dessa vez e com o perdão do trocadilho - baixo mesmo, funciona, em sua sisudez ninja, como contraponto à toda grandiosidade da banda.

E lembra que eu falei que o Curitiba Master Hall é um ovo. Pois é. Como tudo na vida, isso teve um lado bom. Mesmo lá atrás, dava pra ver o palco numa boa. Massa.

Valeu a pena, e se voltarem pra cá, vou de novo.

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