quarta-feira, 9 de maio de 2007

A (MÁ) UTILIZAÇÃO DA INTERNET PELOS QUADRINISTAS BRASILEIROS

Eu ia escrever um loooooongo post, citando nomes e puxando orelhas, mas como sou apenas mais um leitor latino-americano sem dinheiro no bolso, resolvi que ao invés de dar um toque em algumas pessoas, vou fazer apenas uma observação genérica, destinada a quem queira ler.
Em qualquer negócio que se preze, sempre há quem produza o que vai ser vendido, e quem venda o que foi produzido, seja na produção de aeronaves, seja na produção de quadrinhos.
Mas, quando falamos em quadrinhos independentes, a coisa muda de figura, visto que os realizadores têm que assumir mais de uma função, para não falar dos caras que fazem TUDO sozinhos.
E é aí que a porca torce o rabo.
Na hora de vender a sua revista, alguns autores não conseguem comutar seu modo de operação de 'criador' para o de 'vendedor'.
O que tenho observado é que os criadores de algumas hqs das quais, paradoxalmente, tomei conhecimento na internet, não têm o devido cuidado na hora de divulgar seus trabalhos na rede.
Estou me referindo especificamente a uma revista e uma editora. Isso mesmo - Editora.
Ok. Consegui encontrar informações sobre ambas em vários sites, blogs, comunidades no orkut e afins. Mas, e os autores? O que eles têm a dizer a respeito dos próprios trabalhos? E, o principal, as amostras de páginas desenhadas? Porque, se eu vejo algumas páginas antes, posso ficar muito mais inclinado a comprar (ou não) aquela(s) revista(s).
"Pô, Massula! Não basta enviar um e-mail aos caras?"
Pode ser. Mas um e-mail presume o início de um colóquio cuja continuidade pode demorar dias, semanas ou que pode mesmo nem começar.
Por várias vezes já tive e-mails não respondidos e algumas vezes, quando tive saco para insistir no assunto, descobri que foi por que a conta não era mais utilizada, minha mensagem caiu num anti-spam ou a pessoa que deveria ter respondido simplesmente esqueceu.
Além disso, a informação (previews, descrições, extras, condições de pagamento) à mão ajuda a alavancar a compra por impulso (creio que há um nome técnico para isso, que me escapa à cabeça agora), aquela que o cidadão está muito a fim de fazer num determinado momento, mas que não faria cinco minutos depois. Por enquanto, esqueça a arte e o enaltecimento do quadrinista brasileiro como artista. Estamos falando de VENDER gibis, certo?
E nem precisa ser nada complicado. Um blogzinho já basta. Há cinco anos atrás, quando comecei isso aqui, ainda era um pouco chato dar uma garibada no blog e tomei couros e mais couros do meu html querido, que desconhecia até então. Mas hoje em dia existem diversos sistemas, inclusive em português, onde qualquer zé-ruela alfabetizado pode criar o seu próprio em questão de minutos.
"Ah, Massula, mas eu não tenho computador em casa!"
Ah, é, filisteu? E aqueles emails que cê mandou pro UNIVERSO HQ e pro BIGORNA (sei que cê também mandou pro OMELETE, mas salvo raras exceções, eles não costumam dar muita bola pro que convencionamos chamar de quadrinho independente. Pelo menos, não os nossos)? E os posts que cê colocou no Orkut e nas listas de discussão?
"Ah, mas um email é jogo rápido, né?"
É. Mas se você IMPRIMIU uma revista, pode muito bem pagar algumas horas numa lan-house e comprar um pen-drive vagabundo (vi um de 1 Giga dia desses no mercado que sei em 10x de 6,90). Problema logístico resolvido.
É claro os anúncios na internet não serão os únicos responsáveis por manter seu produto no mercado. Se o material não se sustenta por si só, não vai ser blog, flog ou site legal que fará isso por ele.
Mas, nos dias de hoje, onde surgem cada vez mais hqs (e isso porque desconsiderei os outros concorrentes), é mais do que interessante que seu gibi tenha um cantinho próprio nessa turba de informação que é a internet. Pois, afinal de contas, a grande objetivo da rede é justamente esse: APROXIMAR PESSOAS.
Claro, você pode cagar e andar para tudo o que eu disse. Mas quem tem mais interesse na venda da sua revista? Eu?

Um comentário:

  1. Anônimo12:47 PM

    Por favor, Márcio, cite os nomes. Hehehe.

    Quanto ao script doctor, acho que funciona às vezes: foi a mão do Michael Chabon que salvou HA2 e do Paul Haggis que deu aquele toque mais pé no chão em diversas passagens de Cassino Royale.

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