sábado, 8 de abril de 2006

FUI VER, VI, E VOLTEI

É o que eu sempre digo: se for ver qualquer adaptação cinematográfica de uma obra qualquer, seja um livro ou uma hq, vá de coração aberto.

Por motivos que vão de restrições orçamentárias ao bom-humor dos caras que mandam nos estúdios, a possibilidade da transposição completa de uma história concebida no papel para as telas é, quando todos estão bastante otimistas, pequena. Ainda mais se for uma obra que tenha tutano o tutano de V.

A hq, em tempos de petrocracia, quebra de sigilo internético e o escambau, está mais atual do que nunca (e os irmãos Wacha sabem disso), porém, muitos dos extratos subversivos da história são indigestos à maioria do populacho, daí terem diluído quase em doses homeopáticas a parada, desde a ocupação noturna de Evey até o método que o inspetor Finch utiliza para juntar as peças do quebra-cabeças. Também limaram todas as pequenas linhas narrativas que corriam em paralelo (culpa dos 120 minutos padrão do cinema, claro). E a “mensagem”, sub-reptícia na hq, se transforma num verdadeiro mantra na boca dos personagens.

Mas, aí é que está. Se é para se transpor fielmente uma história de um meio ao outro, qual o sentido desse trabalho todo? Cinema e hq (ou literatura) são meios diferentes, com tempos de imersão diferentes. Ler é um ato solitário, o cinema é catartse-coletiva (isso é minha opinião, veja bem), e por aí, vai. Além disso, estamos falando de uma parceria entre Hollywood e a DC, e, francamente, eles não iam deixar de dar suas tesouradas.

Também deram aquela modernizada básica, sendo que a história deixou de começar em 1997 para se passar em algum lugar vinte anos no futuro. O que não deixa de fazer sentido, já que a diferença de quase duas décadas entre a concepção e o “tempo” da história é quase a mesma. V foi escrita no início da década de 80 e se passava no fim da década de 90. O filme é do início dos 2000, e se passa em 2020 e poucos. Acho que, além do upgrade óbvio para novas audiências, o verdadeiro motivo é não eliminar o “se liga negão, que isso ainda PODE para acontecer”.

Mas, voltemos ao filme, antes que eu me perca. Se você leu a hq, a espinha da história está lá, mas, todos aqueles detalhes e conexões maravilhosas da hq foram sumariamente executados (mais uma vez, para o bem [ou mal] da catarse-coletiva), contudo, se você não é daqueles nerds que vai se revirar na cadeira por causa das várias liberdades que foram tomadas em relação ao original, vá em frente. Não vai chacoalhar sua cabeça como a hq – mesmo porque cê já conhece a história – mas é diversão garantida, apesar do final totalmente óliúdiano.

Se você não leu a hq, pode ir que é bacana, apesar do final totalmente óliúdiano.

UROBOURO TRIUNFA!

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