quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

HISTORIETAS ARGENTINAS - PARTE 1.5

A parte 2 tá demorando, eu sei, mas ainda não consegui ler o material que está programado para dar as caras por lá. Em compensação, consegui colocar minhas mãos em mais hqs argentinas. Encontrei um encadernado com a primeira parte de BORDERLINE, hq cyberpunk de Trillo e Risso - que a Dynamic Forces ficou de lançar isso nos states ano passado - assim como um compilado de UN TAL DANERI, de Trillo e Breccia Pai, com várias hqs, textinho introdutório e seção de bocetos (esboços, seus malandrinhos). De qualquer maneira, os comentários virão só depois. O que interessa no momento é que também consegui algumas edições mais recentes de revistas que eu havia comentado na parte 1.

BASTION UNLIMITED 3 e 4

Edição 3

O mix é o mesmo, com a adição de mais uma série, ANGELA DE LA MORTE, e de outra historinha tapa-buracos, PASOS DE COMEDIA.

Das hqs importadas, a revista traz três hqs curtinhas de SIN CITY: O CLIENTE SEMPRE TEM RAZÃO e E ATRÁS DA PORTA NÚMERO TRÊS..., que já foram publicadas por aqui, no especial A DAMA DE VERMELHO, que a funesta Pandora lançou em 2000, e uma outra, com os dois assassinos eruditos Fat Man e Little Boy. Essa eu não sei se saiu (trava língua para notívagos) no Brasil. Note que eu parei de acompanhar a série na época da Pandora. Também tem a metade da segunda edição original de CHOSEN, em p&b, que vai ser publicada pela Mythos, conforme anunciado.

Já na produção nacional (deles), temos, como eu disse lá em cima , PASOS DE COMEDIA, com roteiro de Roberto Andrés Pulitano e arte de Rodrigo Luján, que não é ruim, de qualquer maneira. É uma história quase muda, ao que parece baseada num caso real. O roteiro é preciso, e o traço de Luján agrada. Mas faltou algo.

O segundo capítulo de DALLILAH continua chamando mais atenção pelos desenhos do que pelo roteiro.

Contudo, no também segundo capítulo de EL HOMBRE PRIMORDIAL, a história é outra, com o perdão do trocadilho. Os roteiros de Mauro Mantella já tinham caído no meu gosto desde o primeiro capítulo, mas nesse aqui fica claro que o cara tem é talento mesmo. Além disso, o traço de German Erramouspe não fica atrás e o cara mostra serviço. Nesse capítulo, Máximo Redland, o Homem Primordial, descobre um pouco mais sobre seus poderes, além de ter um encontro inusitado na última página. Mas esse capítulo serve apenas de prelúdio para o que vem na sequência.

E a surpresa ficou para ANGELA DE LA MORTE, escrita e desenhada por Salvador Sansz. É uma versão cyberpunk de LINHA MORTAL (lembra desse?) e acho que não há melhor maneira de explicar do que copiar aqui a recapitulação que está no segundo capítulo, na edição 4.

Para leer esta historieta, usted debe enterarse de los tres descubrimientos que realizó el Doctor Sibeliuz:

1) Mediante un procedimiento médico, se puede separar el alma del cuerpo y tanspantarla a otro cuerpo con vida, pero sin alma: um desalmado.

2) El alma fuera del cuerpo sólo sobrevive durante 35 minutos, a causa del tercer descubrimiento.

3) La muerte existe como forma de vida, y se mueve en su proprio ecosistema, donde es el máximo predador: se alimenta de las almas que vagan fuera del cuerpo. 35 minutos es el tiempo que tarda en encontrarlas.


Esse primeiro capítulo serve de introdução para a série, que pode ser resumida como: “agentes secretos têm suas almas trocadas de corpo, cumprem as missões, dão o fora dos seus corpos de mentirinha (invariavelmente através do suicídio) e tratam de voltar rapidinho pros corpos originais, antes que a morte, que parece mais uma água-viva ectoplásmica, inclua-os no cardápio do dia”.

Parece ridículo, mas não ficou não, viu?

Interessante é o modo como as agências rivais induzem a quase-morte dos seus agentes: a primeira, da qual Angela faz parte, opta por uma forca high-tech. A segunda já utiliza algo que parece uma banheira.

Em tempo 1: esqueci de comentar que tem materiazinha sobre o Conan.

Edição 4

De novo, do lado de lá, mais duas curtinhas de SIN CITY. A FILHINHA DO PAPAI e RATOS. A primeira publicada no especial APENAS OUTRA NOITE DE SÁBADO (e, curiosamente, suprimiram as poucas cores nessa versão), a segunda, não faço a mínima idéia se teve versão nacional ou não. Mais um capítulo de CHOSEN, equivalente à segunda metade da segunda edição original.

E do lado argentino, o derradeiro capítulo de DALLILAH, que já foi tarde.

Na terceira parte (de 6, conforme anunciado) de EL HOMBRE PRIMORDIAL, Máximo, após descobrir que é a 457º reencarnação de Adão - e eu só contei isso porque tá lá no release da editora - começa a se interar mais de seu papel na trama, que começa, vejam só, no Brasil. Eu tô babando o ovo dessa dupla, porque os caras sabem o que fazem, desde os pequenos detalhes, como, por exemplo, o símbolo da maçã, que teima em aparecer de tudo quanto é jeito justo na história onde Max descobre-se uma versão moderna de Adão, até na pesquisa, onde Mantella desfia uma teoria bíblica que não sei se tirou de algum evangelho apócrifo ou de sua cabeça. De um jeito, ou de outro, é interessante assim mesmo. E a construção da histórias, sempre em 12 páginas, que valem mais do que muita de 22 que se vê por aí. Recomendo, e recomendo de novo.

ANGELA DE LA MORTE, também tem estrutura fixa, 11 páginas por história. Nessa história, conhecemos um pouco do passado de Angela, além de ser introduzido mais um antagonista. E, pra completar, tem gancho no final. É esperar pra ver.

Em tempo 2: esqueci de comentar que tem materiazinha bacana sobre o Aeon Flux (as animações e o filme).

VÍRUS 3

Dizem minhas fontes portenhas que foi a derradeira e no site da editora já não há menção ao título. E eu até entendo o motivo.

O problema, a meu ver, foi que eles insistiram na fórmula que acreditavam ser seu maior mérito, mas que eu sempre vi como ponto fraco: a diversidade. Ter um leque variado, mas dentro de gêneros que costumam andar de mãos dadas, como terror+ficção, ou fantasia+ficção, por exemplo, é muito mais proveitoso do que se enfiar numa revista qualquer hq que dê na veneta dos editores. Pô, nessa edição tem hq de humor, terror trash, terror que se diz sério mas também é trash, fantasia medieval, fantasia gótica (alguém aí disse Vertigo?), espionagem, policial, ficção científica, drama e sei lá mais o quê. Já gostei muito de revistas que também serviam esse tipo de salada (ANIMAL, CIRCO, etc), mas hoje não me descem muito bem.

Várias hqs estão de volta: ABBADON apareceu no número 1, assim como EL EFECTO RAMSES, ANGIE e MOTOQUERO. IMPERIO SOLAR (que eu gostei), já tinha aparecido no número 2 e Q-BIL, MIL NAVES FANTASMAS e ESLABONES são séries regulares.

Uma, que eu achei bacana, justamente por chutar o pau da barraca, foi BOWLING SANGRIENTO, texto e desenhos de Setro. ESLABONES, de Mr. Exes, também mantém o ritmo.

Além disso, a edição conta com uma matéria sobre a trajetória dos Ramones nas hqs.

Se a revista tiver acabado mesmo, é pena, porque é um espaço a menos. Mas é interessante notar como as grandes editoras, sejam daqui, sejam de lá, sempre metem os pés pelas mãos quando querem entrar de sola no mercado de quadrinhos.

Em tempo 3: E a capa seguiu o padrão boazuda photoshopada. Trabalho constrangedoramente ruim, se querem saber.

Em tempo 4: Na verdade, a matéria não fala da trajetória dos Ramones nas hqs, e sim de hqs que contam a trajetória dos Ramones, mais precisamente a coleção WEIRD TALES OF THE RAMONES, lançada ano passado num box chiquérrimo com cds, dvd e o escambau. Viu como a ordem dos fatores altera o resultado?

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