terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

MARX FICARIA FELIZ, OH SIM!

Dando sequência na minha série de resenhas (pffffff...) hqéticas, falemos agora de WildC.A.T.S volumes 2 e 3.
Os americanos têm essa mania de separar as coisas em volumes, o que quer dizer que eles pegam uma revista e zeram a numeração, só pra pegar novos leitores. Se bem que nesse caso até que funcionou bem. Muita gente já vinha comentando a respeito da encarnação mais nova da série, a V 3.0 (é, assim mesmo, WildC.A.T.S. V 3.0. E eu não vou ficar escrevendo WildC.A.T.S. separadinho assim mais não, viu?), mas eu não tinha dado muita bola até então.

O tal volume um não passou de uma cópia descarada (e mal feita) dos X-Men, que até então era desenhado por um dos "criadores" dos Cats. A coisa só ficou palatável com a entrada do ermitão britânico Alan Moore, que deu novo fôlego a série. Na verdade ele inseriu um elemento simples, mas que trabalhado por mãos habilidosas fez a diferença. Ou talvez a série pregressa fosse tão ruim que qualquer melhoradinha já fosse encarada como um milagre. Bem, Moore simplesmente introduziu a seguinte questão: pra que servem super-soldados criados para combater numa guerra que já tinha acabado há milênios? Pegaram?

Mas é como dizem por aí, alegria de pobre dura pouco, e o Sr. Moore não ficou muito tempo no título, cedendo as baquetas, digo , canetas a Karl Kesel, que se não me engano ficou duas edições, sendo logo substituído por Brandon Choi, o outro "criador". O volume 1 da série durou até o número 50. A última a ser publicada em português foi a edição 27 ou 28, não sei com certeza.

Depois veio o volume 2, capitaneado pelo roteirista-picareta Scott Lobdel. A premissa da série já era um pouco mais ousada (pros padrões Jim Lee, que também é dono do estúdio, notem), e abordava os membros individualmente e suas vidas depois da guerra (na fase Alan Moore, os Cats originais estavam em seu planeta natal, Khera). Desta fase só li duas edições, a 7 (última de Lobdell, segundo o expediente) e a 25, com Joe Casey nos roteiros. Casey foi um cara que nunca me despertou a atenção, mas se mostrou competente nessa revista. O volume dois foi até a edição 27.

Então chegamos finalmente ao V 3.0. Só li a edição 1, mas aqui os criadores estão explorando um tema que é, ao mesmo tempo ligado à indústria da HQ, mas de maneira velada (eles, pelo menos, não admitem): o consumo e o consumismo. Casey diz, num texto no fim da edição, que nossas vidas são dominadas por marcas e sabemos disso, e até gostamos disso, uma vez que pagamos pra ter nossos produtos, sejam barbeadores descartáveis ou revistas em quadrinhos. O legal da coisa é que ele pegou um detalhe que passou quase despercebido nos dois volumes anteriores, a corporação Halo (a empresa do antigo líder dos Cats, até então uma fachada e uma justificativa narrativa praqueles equipamentos cabulosos). Agora a empresa é o foco da história, e os objetivos do seu presidente são bem modestos, tornar-se a grande corporação mundial. Uma maneira de salvar o mundo às avessas, se é que entendi. Bastante promissor. De qualquer maneira, só li a edição 1, então é muito cedo pra tirar conclusões.

Se acharem por aí, leiam. O único problema é que por enquanto, os volumes 2 e 3 só existem em inglês.

Fui.

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