sábado, 30 de novembro de 2002

1,2,3...

Não me perguntem o que são estes malditos números na frente dos comentários. Eu - ainda - não sei.
Fui.

DESCULPA!

(Por hoje, o último)


Ele sempre fazia isso.
“Ops, escapou!”. “Ih, foi mal!”.
Incursões não sancionadas ao reto alheio.
"Desculpa!" era a palavra de ordem.
Até que um dia a menina se cansou.
Respondeu, desejando, do fundo do coração, que o namorado sentisse pelo menos um pouco do que provocava.
“Vá tomar no cu!”, disse.

Música Urbana

(Mais um:)

Eu só consigo pensar em porquê nunca havia dado esmolas a pedintes antes. Principalmente aqueles que entram no ônibus. Sabe quais são? “Bom dia senhoras e senhores, eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, mas estou aqui, blábláblá, blábláblá, blábláblá”.
Já são sete da noite. Estou cansado. Da vida, digo. Olho para os outros no ponto de ônibus, seus rostos inexpressivos, também cansados (da vida? Da vida que estão levando?). Engulo todo desprezo deles. Mais uma vez. Por que ninguém olha pra mim? A menina com a Bíblia na mão, ou o cara com os fones de ouvido, por exemplo. É verdade que eu também nunca cheguei para um desconhecido e disse “oi”, mas e daí? Meu ônibus está vindo. Espero todo mundo subir. Pelo menos tenho bons modos. Ah, sim! Isso eu ainda tenho. Subo as escadas de cabeça baixa. O motorista já me conhece, o cobrador também. Um leve maneio de cabeça e está tudo resolvido. Encaro as pessoas e engulo, mais uma vez, seu desprezo. Penso nos meus filhos, na minha mulher. Respiro fundo. E minha litania começa mais uma vez: “Boa noite senhoras e senhores! Estou aqui, pedindo a sua ajuda...

Da série MEUS TE-X-TÍCULOS:

Dogma

- Ei Fulano! Porquê você não reza antes das refeições?
- Por que não acredito em Deus!
- Ahhhhh...

Da série MEUS TE-X-TÍCULOS:

O

Sábado no shopping. Praça de alimentação, cerveja, amigos, mulheres (dos outros). Eu precisava urinar. Urgente.
Cheguei ao sanitário mais próximo. Abri a porta. Por breves momentos, acreditei ter errado o caminho e ter aberto, por engano, a porta do inferno. Ou pelo menos uma delas, ou sei lá, uma entrada secreta. Teve início um rápido embate entre minha mente e minha bexiga. Não ia entrar naquele lugar nem fodendo! Infelizmente, a segunda venceu e, mesmo com aquele fedor já incendiando minhas narinas, fui.
Parecia enxofre. Aquilo não poderia ter sido produzido por um ser humano, pelo menos não por um que estivesse vivo. Parei em frente ao mictório, abri o zíper e nada. Fedia tanto que eu não conseguia nem mijar! E olha que eu estava com vontade. Não vi mais ninguém lá dentro, e me senti compelido a encontrar a causa daquilo. Talvez houvesse um rato morto ali, mas teria que ser dos bem grandes. Dando início a minha investigação, já começava a me curvar quando ouvi:
- Oxigênio, oiéééééééééééé, oxigênio...
Levei um susto, confesso, e minha primeira reação foi olhar para os lados, certificando-me de que ninguém mais presenciava tal cena. Abaixei-me um pouco mais, só para ter certeza e eis que vejo, lá, por baixo da porta, aquele par de horríveis sapatos marrons. Daqueles de bico quadradão, sabe quais? Obviamente, pertenciam ao feitor da obra. As coisas começavam a se encaixar...
E ele continuava, “oxigênio, oiéééééééééééé, oxigênio...”. Só cantava aquela parte. Talvez fosse para me irritar. Ou talvez fosse um pedido de socorro do seu subconsciente. Não fiquei para descobrir. Saí do banheiro, joguei uma nota para algum dos meus chegados e fui embora. Queria mijar. Sossegado.