sábado, 21 de dezembro de 2002

A METAMORFOSE

"Certa manhã, depois de despertar de sonhos conturbados, Marcio Massula Jr. encontrou-se metamorfoseado num "farofeiro".
Monstruoso!"

Calma lá "peoples"!
Antes que alguém hasteie a bandeira do politicamente correto e comece a defender os freqüentadores das ensolaradas praias cariocas que costumam, por assim dizer, levar a refeição de casa, explico: me refiro àqueles que ouvem um som "farofa".
Sabem o que é isso?
"Well" (percebam a vastidão do meu inglês), até um passado não muito remoto, eu costumava ser o que a sociedade convencionou chamar de "metaleiro" - embora os membros (?) do referido subgrupo tenham convencionado chamar a si mesmos de "headbangers". Particularmente, prefiro o primeiro termo. Saudosismo, acho. "Well" (again!), na minha época de "metaleiro", nós (os metaleiros, só pra você não se confundir) convencionamos chamar qualquer um que não ouvisse metal de "farofeiro". "Please", não me perguntem por que. Nem mesmo os que não ouvissem SÓ metal também eram - e talvez ainda sejam. - taxados assim.
"But", aonde quero chegar?
Semana passada, voltei para casa, feliz, muito feliz, e também contente, com dois cd's. Do Stereolab. Dias antes, estava eu na fila do Carrefour, admirado (leia-se: quase comprando) duas revistas. Uma era a CARAS, que vinha com uma coletânea de tango. O MELHOR DO TANGO ARGENTINO - INTÉRPRETES FEMININAS, dizia a capinha. Com direito a fotinha com casal de dançarinos e tudo o mais. A outra: BONS FLUÍDOS (ou qualquer uma dessas revistinhas que ensinam a fazer feng-shui) com um cd de MÚSICA CELTA.
"So?", você pergunta, inteligentíssimo, no seu inglês também impecável, embora ostente um "quê" britânico um pouco afetado.
É que, há pouco tempo, eu O-D-I-A-V-A esse tipo de som. Barulhinhos eletrônicos não eram meu forte.
A metamorfose começou quando comecei (redundante, eu sei) a ouvir bandas de metal mesmo, só que mais hmmmm, alternativas. Explico de novo: eu era o que se pode considerar um "metaleiro xiita". Pra mim, nenhuma banda que tivesse menos de duas guitarras, bateria com um bumbo só e vocais que não fossem vomitados prestava. Então começou. Black metal com duo de vocalistas (soprano/gutural). Rap metal e sei lá mais quais combinações esdrúxulas surgidas dentro do gênero. O sufixo metal era imprescindível. Reputação a zelar.
Mas, eis que começam a surgir alguns disquinhos que de metal não tinham nada. MADREDEUS. MORPHINE. SAGARANA (da minha terra, Minas).A COLEÇÃO DE MÚSICA CLÁSSICA DA CARAS e por aí vai. Quando menos percebi, me peguei elogiando músicos que meses antes eu excomungava com todas as minhas forças. A causa desse fenômeno eu não sei. E sinceramente, não me interessa descobri-la agora.
Rouge, aqui vou eu!
Aserejé, ja deje tejebe tude jebere...

MORAL DA HISTÓRIA: (Pronunciada em tom bíblico): Nunca diga desse som não ouvirei!
Fui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário