sábado, 7 de dezembro de 2002

100 BALAS

Você se fodeu em alguma época da sua vida. Se fodeu feio. Teve a família assassinada, foi acusado de pedofilia e perdeu tudo o que tinha ou passou alguns anos na prisão injustamente. Então, do nada, aparece um sujeito cavernoso, um tal agente Graves e, invariavelmente, lhe diz que houve um responsável por toda a merda em que se transformou sua vida. Ele te dá a ficha do sujeito, assim como uma maleta. Abre a danada e arremata a conversa com os seguintes dizeres (ou algo próximo a isto): "Aqui estão as provas do que XXXXX (o sujeito lá de cima) fez com você. E também uma arma e 100 balas. Impossíveis de serem rastreadas. Se resolver usá-las, ninguém poderá ligá-las a você. Você está acima da lei".
Esse é o mote de 100 BALAS, uma revista do selo americano Vertigo, que é publicada aqui pela cada vez maior Opera Graphica. Enquanto no Brasil acabou de ser lançada a 12º edição, nos States já está lá pelo número 40. Protagonistas que se revezariam a cada três ou quatro edições, em histórias totalmente diferentes, com o tal agente Graves servindo de elo entre as histórias. Um mecanismo narrativo que, se não é inovador (vide outras séries "policiais", como SIN CITY ou a excelente BALAS PERDIDAS), oferece grandes possibilidades. "Massa!", pensei.
Até então, eu havia lido só dois números da série, não sabendo inclusive como terminaria o primeiro arco de histórias. Recentemente, li as outras 10 edições que estão disponíveis em português e vi que a coisa mudou um pouco de figura: a partir da 5º edição, começamos a perceber que HÁ um motivo, uma linha mestra para a história. Fiquei um pouco decepcionado, já que a idéia, meio nonsense, de um cara distribuindo uma maleta com uma arma e um monte de munição por aí, sem motivo algum, me agradava mais. Não vou contar o que acontece (eu fico puto quano fazem isso!), mas, apesar de ter ficado um pouco - só um pouco - frustrado com a descoberta de que a lógica também está presente naquelas coloridas páginas, ainda assim, recomendo.
Pra não dizer que não falei das flores, os autores são o americano Brian Azzarello e o argentino Eduardo Risso, responsáveis, respectivamente, pelos roteiros e desenhos.
Antes de me mandar, um conselho: prepare os bolsos. Cada edição custa 6,90!!!
A propósito, o preço atual dos quadrinhos e livros aqui no Brasil é um dos assuntos vindouros.
Fui.

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